No Ibase
A nossa crise política tem como processo subjacente a perda de intensidade da democracia que conquistamos lá nos anos 80, enfrentando a ditadura militar e definindo novas bases institucionais, fundadas nos direitos de cidadania para todas e todos como regra do viver em coletividade. Nunca é demais lembrar que a democracia, como processo histórico, vem prenha de possibilidades, mas não aponta automaticamente para a solução de nossos problemas estruturais. Para acontecerem mudanças de fato sujeitos coletivos democráticos tem que liderar movimentos irresistíveis, conquistar e mudar o poder de Estado, para transformar a economia e, sobretudo, a sociedade. É forçoso reconhecer que novos sujeitos coletivos apareceram, renovaram-se movimentos sociais e o movimento sindical, novas formas de organização política foram estabelecidas, uma onda democratizadora avançou. O potencial de mudanças daí decorrentes, porém, acabou mal tendo começado. O tal “sistema de poder real” se readequou à nova situação e, num certo sentido, a democracia se ritualizou e perdeu significado político. Isto explica a preocupante expansão no seio da cidadania de um sentimento de deslegitimação da política e, no bojo, da própria substância da democracia como método possível e, sobretudo, civilizatório de transformação social. (mais…)
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