O estupro coletivo como fator cultural

Gustavo Guerreiro* para Combate Racismo Ambiental

O monstruoso estupro coletivo da jovem carioca de 16 anos, mãe de uma criança de três anos, suscita frenéticos debates nas redes sociais e indignadas reações de movimentos sociais, sobretudo feministas, que tomam as ruas do país. Trata-se de um fato tão macabro que, em outros momentos, comoveria as massas em uníssono. Mas diante da conjuntura política, não cessam, por incrível que pareça, contendas interpretativas e embates ideológicos de todos os matizes, sobretudo entre direita e esquerda. Mas o que tem a ver essas visões políticas em disputa com o fato em si?

De modo geral, comenta-se que a discussão gira em torno sobre de quem é a culpa, se de quem estuprou ou se da vítima, o que por si só é um absurdo. Não merece meia linha de reflexão. No entanto, entre em cena com muito mais sofisticação, o debate sobre duas visões políticas distintas de criminalidade e, portanto, de sociedade. Refiro-me à política, nesse caso, não no sentido partidário, mas como expressão de força social transformadora, nos termos de Foucault. (mais…)

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Carta Aberta à sociedade em favor do Estado democrático, contra retrocessos sociais e ambientais

Nós, servidores do Ministério do Meio Ambiente (MMA), enquanto trabalhadores do Estado Brasileiro e em prol da democracia, manifestamos publicamente a nossa posição quanto ao momento político que vivemos. Não aceitamos as medidas propostas pelo Governo Interino, que representam mudanças radicais com relação ao programa de governo eleito em 2014, e sinalizam para mais retrocessos na área socioambiental do que já vinham ocorrendo no Governo afastado.

Temos a missão de garantir a continuidade e o aprimoramento das políticas públicas ambientais que, devido ao seu caráter transversal, precisam ser levadas em consideração no planejamento e implementação das demais políticas públicas. Nesse sentido, não é possível dissociar a questão ambiental do contexto político em que o Governo Interino se apresenta. Destacamos que nós já questionávamos as contradições e os ataques à área ambiental, independentemente do Governo, e nos posicionávamos contra diversas medidas propostas no Congresso Nacional. Em agosto de 2015 escrevemos uma carta aberta sobre a “Agenda Brasil” [1] denunciando, por exemplo, a proposta de “fast track” do licenciamento ambiental, que na prática fragiliza o principal instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. (mais…)

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A revolta das mulheres do campo

‘Agora temos que enfrentar o golpe, discutir o país como nação soberana. O terreno está muito fértil para o debate.’

Por Najar Tubino, Carta Maior

Uma Agenda Democrática para o Brasil geral é um ciclo de debates iniciado no ano passado pelas fundações Friedrich Ebert (FES) e Perseu Abramo (FPA) e na quarta edição teve como tema “Mulheres na Agenda Rural” com a participação de Andrea Butto, da UFRPE, Miriam Nobre, da Sempreviva Organização Feminista (SOF) e Rosangela Piovezani, do Movimento das Mulheres Camponesas e Via Campesina. Foi um debate simples e apaixonado, onde foram descritas três denúncias graves com adolescentes no interior do Brasil. O professor Olimpio, da Universidade do ABC que realizou um trabalho com as quebradeiras de coco em Carolina (MA) relatou o seguinte: (mais…)

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O que os imóveis do filho de sete anos de Temer dizem sobre a desigualdade?, por Leonardo Sakamoto

No Blog do Sakamoto

O ultrajante não é alguém morar em um apartamento de 400 metros quadrados enquanto outro vive em um de 40.

O que desconcerta é uma sociedade que acha normal um ter condições para desfrutar de um apê de 4 mil metros quadrados enquanto o outro apanha da polícia para manter seu barraco em uma ocupação de terreno, seja em Itaquera, Grajaú, Osasco, Pinheirinho, Eldorados dos Carajás, onde for.

O presidente interino Michel Temer pode, legalmente, antecipar a herança ao seu filho de sete anos de idade, como alega ter feito, transferindo para seu nome dois imóveis que valem mais de R$ 2 milhões. É um direito dele. (mais…)

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Desastre de Mariana: “famílias atingidas deveriam ser protagonistas no acordo entre Samarco e poder público”, critica MPF

Acordo destinado à reparação dos danos da tragédia na bacia do Rio Doce foi tema de audiência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara

MPF

O acordo firmado pela União e estados de Minas Gerais e do Espírito Santo com as empresas Samarco, Vale e BHP não contou com a participação dos atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão – ocorrido em Mariana (MG), em novembro de 2015. Por essa razão, o Ministério Público Federal (MPF) questionou, durante audiência pública realizada na quarta-feira, 25 de maio, pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a homologação do acordo, feita no último dia 5 pelo Núcleo de Conciliação do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. (mais…)

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Apka’i: “A gente conhece onde a gente pertence”, diz cacique Damiana Guarani e Kaiowá

Por Patrícia Bonilha, Assessoria de Comunicação do Cimi

Uma inabalável convicção marca o olhar e cada gesto desta mulher miúda. Miúda mesmo. A cacica Damiana Calvanhe tem menos de 1,40m de altura. No entanto, é fácil perceber que ela ocupa um espaço muito maior que o de seu corpo físico. Ela explica, em entrevista ao jornal Porantim, que seu nome indígena Ckunha Apyka Rendy’i significa “menina do banquinho iluminado”, sendo que o banquinho era o lugar onde o antigo Ñanderu sentava para conversar com os indígenas. Rezadeira e líder espiritual, ela também é a liderança política do povo Guarani-Kaiowá na comunidade de Apyka’i, localizada em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e que sofre um dos ataques mais intensos do Estado brasileiro e de interesses privados para que não exista. Na 15ª Sessão do Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Questões Indígenas, ocorrida em Nova Iorque durante o mês de maio, Elizeu Guarani e Kaiowá levou formalmente o caso Apyka’i e pediu ajuda do Fórum da ONU para que recomende ao Brasil a demarcação.  (mais…)

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Michael Löwy: “O Estado de exceção predomina. A democracia é que foi excepcional”

Entrevista especial com Michael Löwy – Blog da Boitempo

Michael Löwy, sociólogo brasileiro radicado na França, alerta para o risco que corre a democracia com os novos golpes na América Latina e com a ascensão da extrema-direita na Europa. O pensador acredita que a esquerda deva se unir para barrar o golpe no Brasil, mas sem perder seus horizontes utópicos. Especialista em sociologia das religiões, Löwy analisa o impacto político das igrejas neopentecostais no Brasil. Assinala ainda a necessidade de se criticar o atual modelo de desenvolvimento econômico a partir de uma perspectiva que coloque em questão as consequências sócio-ambientais do capitalismo. Esta conversa, conduzida por Daniel Garroux (Doutorando USP / Paris 10), Frederico Lyra (doutorando Lille 3) e Gabriel Zacarias (Pós-doutorando USP / EHESS), inaugura a série de entrevistas do Movimento Democrático 8 de Março (MD18) grandes intelectuais de esquerda. Mais informações sobre o movimento e o projeto de entrevistas ao final deste post! (mais…)

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