Gustavo Guerreiro* para Combate Racismo Ambiental
O monstruoso estupro coletivo da jovem carioca de 16 anos, mãe de uma criança de três anos, suscita frenéticos debates nas redes sociais e indignadas reações de movimentos sociais, sobretudo feministas, que tomam as ruas do país. Trata-se de um fato tão macabro que, em outros momentos, comoveria as massas em uníssono. Mas diante da conjuntura política, não cessam, por incrível que pareça, contendas interpretativas e embates ideológicos de todos os matizes, sobretudo entre direita e esquerda. Mas o que tem a ver essas visões políticas em disputa com o fato em si?
De modo geral, comenta-se que a discussão gira em torno sobre de quem é a culpa, se de quem estuprou ou se da vítima, o que por si só é um absurdo. Não merece meia linha de reflexão. No entanto, entre em cena com muito mais sofisticação, o debate sobre duas visões políticas distintas de criminalidade e, portanto, de sociedade. Refiro-me à política, nesse caso, não no sentido partidário, mas como expressão de força social transformadora, nos termos de Foucault. (mais…)