Norte Energia terá que fazer estudo de área alagada após enchimento da barragem de Belo Monte

No MAB

A Norte Energia vai ter que fazer um levantamento das casas onde está minando água no bairro Independente 1, em Altamira, e apesentar uma avaliação das causas do alagamento. Há diversas casas no entorno da lagoa do bairro que estão permanentemente alagadas. O fenômeno passou a acontecer após o fechamento do reservatório da hidrelétrica de Belo Monte.

A notícia é comemorada pelos moradores do bairro, que vem se organizando no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) para buscar o reconhecimento de que são impactados pela barragem. No bairro Independente 1 vivem cerca de 500 famílias em área permanentemente alagada (palafitas) e nos arredores. São nessas casas do entorno da lagoa onde a água está minando. Em algumas, os quintais já não secam e outras estão com a água dos poços quase transbordando. O caso mais grave é de seu João, cujo piso da casa está permanentemente alagado há mais de um mês e até agora não houve nenhuma providência do poder público para seu atendimento emergencial.

A Norte Energia se recusa a reconhecer os moradores como atingidos pela barragem, pois alega que estão acima da cota determinada pela empresa para remover os atingidos, a cota 100, ou seja 100 metros acima do nível do mar. “O conceito de cota, que a Norte Energia estabeleceu para determinar quem tem direito de ser reconhecido como atingido, ou seja, receber reassentamento ou indenização, não serve mais para a realidade do Independente 1”, afirmou Aline, militante do MAB e moradora do bairro. “Está claro para nós que a comunidade é impactadas pela elevação do lençol freático após o fechamento da barragem”, disse.

Izan, coordenador da comunidade, também denuncia que os moradores ficaram sem abastecimento de água e tratamento de esgoto – uma das condicionantes mais importantes de Belo Monte e que a Norte Energia deveria fazer para toda a cidade. “São quase 500 famílias sem água tratada e sem saneamento, o que se torna ainda mais grave pois os poços estão cada vez mais contaminados e a lagoa com um mau cheiro permanente e muitos mosquitos causadores de doenças como dengue, zica e chicungunya”, preocupa-se.

A notificação para a empresa consta de um ofício encaminhado pelo Ibama à concessionária, com data de 27 de maio de 2016. Na terça-feira da semana passada (7), o chefe do Ibama em Altamira, acompanhado pelo chefe da Casa de Governo, de engenheiros da empresa e da Defensoria Pública da União, fizeram uma vistoria no local. Neste fim de semana, uma moto-som passou pelo bairro anunciando o estudo. Segundo o anúncio, o levantamento vai ocorrer durante os meses de junho e julho.

Informalmente, durante a vistoria, o representante do Ibama afirmou que o nível da água dos poços pode ser um indicativo de elevação do lençol freático. No entanto, ainda é necessário provar tecnicamente que essa elevação é causada pelo enchimento do reservatório.

“Nós moradores não temos dúvidas de que somos atingidos e vamos lutar até sermos reconhecidos”, disse Izan.

Imagem: Casa de seu João – Reprodução do MAB.

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