Em 2015, houve 1.217 casos de homicídios registrados no país, e nem 10% foram julgados
por Redação RBA*
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados discutirá amanhã (2) crescimento da violência no campo e as políticas públicas adotadas para combater o problema. Em entrevista à Agência Câmara, o deputado e ex-ministro do Desenvolvimento Agrário no governo Dilma Patrus Ananias (PT-MG), um dos parlamentares que pediu a realização do debate, afirma que em 2015, houve 1.217 conflitos no campo envolvendo mais 816 mil pessoas.
“Foram 50 casos de assassinatos, ante 36 casos em 2014. De 2001 até junho de 2016, conforme dados da Ouvidoria Agrária do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário, ocorreram 220 homicídios decorrentes de conflitos, além de 584 homicídios não decorrentes de conflitos e 194 homicídios em investigações, totalizando 998 mortes neste período”, diz o parlamentar.
Segundo Padre João (PT-MG), presidente da comissão, o estado tem um quadro persistente de violência no campo. “O conflito agrário na região envolve um clima forte de hostilidade. Policiais e proprietários atuam ameaçando trabalhadores rurais e instigando a violência contra eles. Há suspeita de forte parcialidade da polícia e dos agentes inclusive da cúpula do Estado. Há relatos ainda de negativa de serviços públicos a famílias acampadas”, afirma o parlamentar”, denuncia.
Para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, a violência acontece por conta da impunidade aos executores. Em março de 2015, a Comissão Pastoral da Terra publicou um relatório sobre a violência no campo, entre 1985 e 2013, mostrando que, dos 1.270 casos de homicídios registrados no país durante esse período, apenas 108 foram a julgamento.
Foram convidados para participar do debate o procurador federal adjunto dos Direitos do Cidadão João Akira Omoto; o jornalista do Estado de S.Paulo, autor de recente série de reportagens sobre a violência no campo, Leonêncio Nossa; o presidente da Comissão Pastoral da Terra, dom Enemésio Ângelo Lazzaris; o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber César Buzatto; representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Rudmar Moeses e Simone Leurie; e – o representante da Comissão Pastoral da Terra de Rondônia Afonso Maria das Chagas, entre outros.
*Com informações da Agência Câmara.
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Imagem: Mauro de Souza / site Ururau