Nota Conjunta Movimento de Mulheres: O impeachment de todas as brasileiras

No Coletivo Feminino Plural

Nós mulheres brasileiras estamos estarrecidas com o golpe institucional contra a Presidenta Dilma Roussef em nosso país. Sem crime, ela foi julgada e condenada pelos seus algozes, senadores pertencentes às elites mais corruptas e conservadoras, derrotados nas eleições de 2014, e que não aceitaram sua vitória. Foi objeto de uma traição de seu vice e antigos aliados, que por dentro do governo atuaram de forma degradante com a política. Seu impeachment não só a afasta do poder, mas sinaliza a todas as mulheres brasileiras que elas “não podem”, devem ser mantidas fora do poder. Um crime também de misoginia. Vislumbramos grandes retrocessos quanto à liberdade, à democracia e à cidadania.

Dilma Roussef, a mulher afastada d Presidência da República é uma mulher digna. Militante política desde jovem, sofreu na Ditadura Militar as consequências da prisão, da tortura, do julgamento ilegal.

Manteve-se íntegra e altiva, elegendo-se presidente pela primeira vez em 2011 e reelegendo-se em 2014.

Nos seus dois mandatos, para assegurar a governabilidade, obrigou-se a ampliar cada vez mais sua base político-parlamentar, sendo derrotada por ela mesma, pela união dos setores identificados com o agronegócio, com a produção de armas e munições, com o capital internacional que já começou a apropriar-se das nossas riquezas, os banqueiros e os fundamentalistas religiosos e de todos os tipos.

Nós, mulheres brasileiras, nos sentimos nesse momento derrotadas, mas ao mesmo tempo desafiadas a continuar lutando.

Pedimos às nossas companheiras de todos os países que repercutam nossa posição. É de profunda tristeza, de coração partido, não há espaço nesse momento para outra coisa que não seja buscar solidariedade para os duros momentos que estamos passando e para outros que possivelmente virão.

Assinam:

· Telia Negrão – Coletivo Feminino Plural – Filiada à Rede Feminista de Saúde DSDR e à Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe
· Clair Castilhos Coelho – Secretária Executiva da Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
· Alaerte Leandro Martins – Rede de Mulheres Negras do Paraná
· Estela Márcia Rondina Scandola – RSF
· Elaine Galvão – socióloga – Rede Feminista de Saúde – Regional Paraná
· Greice Menezes. médica pesquisadora. Rede Feminista BA
· Heliana Moura – Assistente Social – Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas
· INSTITUTO D AMULHER NEGRA DO PIAUI – AYABAS – Haldaci Regina da Silva – Coordenadora Estadual de Politicas para Mulheres – CEPM/PIAUI
· Maria Antonia Salgado
· Maria Dirlene Marques – RFS/MG
· Maria José Araujo – Médica – IMAIS – Salvasor
· Maria Luísa Pereira de Oliveira – Rede Feminista de Saúde – Regional Rio Grande do Sul -Sempre Mulher – Instituto sobre Relações Raciais
· Maria Mary Ferreira – Bibliotecária e professora da Universidade Federal do Maranhão – FÓRUM MARANHENSE DE MULHERES
· Regina Figueiredo
· Regina Vargas – Socióloga – Pesquisadora UFRGS – Tradutora – Consultora em Projetos Sociais
· Silvia Bastos enfermeira pesquisadora e membro da RFS
· Solange Rocha, jornalista e pesquisadora associada da University of Cape Town
· Sonia Nussenzweig Hotimsky antropóloga, professora e pesquisadora. Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
· Vânia Muniz Nequer Soares- Rede Feminista de Saúde Regional Paraná
· Vera Daisy Barcellos, Jornalista Diplomada – Porto Alegre/RS
· Claudia Pedrosa- psicóloga sanitarista, professora da Universidade de Brasília (UnB) e filiada a Rede Feminista de Saúde (DF).
· Gloria Rabay: professora da Universidade Federal da Paraíba, Pesquisadora do Grupo Gênero e Mídia/ GEM e do Núcleo Interdisciplina de Pesquisa e Ação sobre Mulher e Relações de Sexo e Gênero/Nipam – UFPB

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