“Vivemos dias tristes para nossa democracia. Triste do país que seus cidadãos precisam aguentar tudo de boca fechada”, argumentou o juiz, em sua decisão
Na Ponte
O Juízo do Departamento de Inquéritos Policiais e de Polícia Judiciária de São Paulo determinou a liberação de 18 dos 26 jovens detidos durante a manifestação contra o governo do presidente Michel Temer, no domingo (4). Na decisão após audiência de custódia, o juiz apontou como “irregular” a prisão dos jovens.
“Vivemos dias tristes para nossa democracia. Triste do país que seus cidadãos precisam aguentar tudo de boca fechada”, argumentou o juiz, em sua decisão. Todos foram acusados de associação criminosa e corrupção de menores e permaneceram oito horas incomunicáveis no Deic (Delegacia Estadual de Investigações Criminais), sem contato, inclusive, com advogados.
O grupo foi detido em frente ao Centro Cultural São Paulo. Segundo a Polícia Militar, eles portavam máscaras contra gás, sprays, vinagre, pedras, lenços, estilingues e uma barra de ferro. Os membros da corporação consideraram o material suspeito e o usaram como motivo para as detenções.
Dos jovens detidos, 18 estiveram presentes na audiência de custódia e os oito restantes, por serem adolescentes, precisarão passar pela Vara da Infância. Estes estão detidos na unidade Brás da Fundação Casa, a antiga Febem.
“Saíram todos, foi muita emoção. Era tudo o que eu queria. A justiça foi feita naquilo que tinha de ser feito. Todos juntos na mesma ideia conseguiram corrigir uma injustiça “, disse Rosana, mãe de um jovem de 17 anos. Ela agradeceu aos coletivos que atuaram cobrando a soltura do grupo, como os estudantes secundaristas, e alguns políticos envolvidos, como o ex-senador Eduardo Suplicy e Paulo Teixeira.