Freixo discursa na Cinelândia após resultado: ‘Outra luta começa hoje’

Por Caio Sartori, em O Dia

Rio – “Nada termina hoje. Outra luta começa”. A fala de Marcelo Freixo (Psol) após confirmada a derrota para Marcelo Crivella (PRB), neste domingo, na Cinelândia, deixa claro o papel dos psolistas nos próximos anos: o de forte oposição ao novo governo. O partido vai ter, a partir de janeiro, a segunda maior bancada da Câmara Municipal, com seis vereadores eleitos — atrás apenas do PMDB, com dez.

Diante de uma praça lotada, Freixo destacou a mobilização dos eleitores ao longo da campanha. “Não foram poucos os que se emocionaram na hora de pedir voto e votar. A campanha foi colaborativa do início ao fim”, disse. “Nós vencemos essa eleição. Nós vencemos porque a nossa vida não é movida exclusivamente pela pauta das urnas. Nós devolvemos as pessoas para a praça pública, devolvemos a alegria e a emoção de se fazer política no Rio”, completou.

Freixo reconheceu a vitória de Crivella, mas fez questão de cutucar a comemoração do adversário, que celebrou o triunfo em um clube fechado. “Nosso sonho não cabe em nenhum clube. Nossa luta é na praça pública”, apontou Freixo, que chamou de “fundamentalismo perverso e covarde” a campanha do PRB.

Sobre as provocações que nortearam o segundo turno, o candidato derrotado foi sucinto. “Não retiro absolutamente nada do que disse em relação ao Crivella, não faço um jogo de cena. Mas aqui, hoje, foi para celebrar nossa vitória. O que eu tinha para falar do adversário foi dito no segundo turno e está mantido”.

O deputado ressaltou, ainda, a mobilização dos eleitores, de dentro e fora do Rio, que financiaram a campanha. “Foi uma das campanhas mais bonitas, representativas e emocionantes da história deste país. Meu programa é, sem dúvidas, o melhor já feito para o Rio. Olha essa praça. Foram vocês que fizeram isso tudo acontecer. É uma vitoria extraordinária da democracia. Fizemos uma campanha sem nenhuma pesquisa qualitativa. Isso nunca aconteceu”, afirmou.

Muitos eleitores se emocionaram e aplaudiram cada fala do discurso. “É importante que a gente se abrace, olhe olho no olho”, pediu Freixo, que foi atendido por eleitores. Muitos, inclusive crianças, choraram diante do carro de som.

Deputado estadual, ele garantiu que ainda não pensa nas eleições de 2018. Nem na de 2020. “Neste momento, não adianta pensar nisso. Está longe. Quero discutir o que faremos este mês”, disse o parlamentar, que promete forte oposição ao novo governo.

Outro ponto abordado foi a defesa dos direitos humanos, bandeira muitas vezes incorporada de maneira provocativa por adversários. “Fui, minha vida inteira, um militante dos direitos humanos. E vou continuar sendo. Isso nunca foi defender crime, defender violência. Nós vamos, sim, estar do lado dos que mais precisam”, enfatizou.

A crise da esquerda no país foi usada pelo psolista para mostrar como, segundo ele, o feito do partido no Rio — chegar ao segundo turno derrotando o PMDB no primeiro — foi relevante. “Renasce no Rio um projeto de esquerda responsável, capaz de disputar a cidade. Enfrentamos (no segundo turno) um setor que mistura, sim, política e religião da pior maneira possível”.

Em cima do carro de som, Freixo teve a companhia da candidata a vice Luciana Boiteux e de parlamentares psolistas. “Nossos inimigos estão no poder. Nossa luta precisa ser de organização, de base”, mobilizou Luciana, apresentada durante a campanha como ‘coprefeita’.

Reportagem do estagiário Caio Sartori

Mesmo com resultado, Cinelândia ficou lotada. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia.

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