Metalúrgicos de São Paulo organizam encontro de dirigentes sindicais para debater como a organização das empresas reproduz a desigualdade racial da sociedade em geral
por Redação RBA
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) iniciou ontem (3), em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um curso de combate ao racismo no local de trabalho para sindicalistas de todo o país.
Segundo Christiane Aparecida dos Santos, da secretaria de Igualdade Social da CNM/CUT, o curso, de três dias, é importante para incluir a questão no cotidiano da atividade sindical. “O movimento sindical, num todo, debate pouco a questão racial. Nós, próprios dirigentes não temos muito conhecimento, então esse curso veio para fortalecer o debate e sensibilizar os dirigentes sindicais, para mostrarque o movimento sindical precisa lutar pela pauta da igualdade racial”, afirma.
As aulas abordam a história da África e a luta das pessoas escravizadas e são ministradas pelo professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Deivison Knosi, doutor em sociologia e militante do movimento negro. “O racismo está em toda a sociedade, mas ele também se reproduz no local de trabalho, então é importante que sindicalistas estejam atentos e inclua essa preocupação nas suas pautas”, diz o docente.
Joel Américo de Oliveira é diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e trabalhador numa multinacional que produz bateria para carros. Na empresa em que trabalha os negros são quase metade na linha de produção, mas em cargos de gerência e chefia a situação é diferente. “A gente vê muito preconceito corporativo, como a falta de ocupação de cargos, ou de promoção. Na empresa em que trabalho tem de 50 a 60 engenheiros e só um é negro.”
A situação da mulher negra é ainda pior, alerta “No nosso ramo metalúrgico, uma mulher negra chega a ganhar 49% do salário de um homem branco, então é nosso papel, enquanto dirigente sindical, mudar essa realidade”, completa.
Assista a reportagem de Michelle Gome no Seu Jornal, da TVT:
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Imagem: Curso tem três dias de duração. As aulas abordam a história da África e a luta das pessoas negras – REPRODUÇÃO/TVT