Foi assassinado com cerca de sete tiros na manhã deste sábado (26/11/2016) o indígena Tupinambá, Luiz Viana Lima, 54 anos, conhecido como “Luizão Tupinambá”, ele deixa viúva e dois filhos. O crime ocorreu por volta das 10:00h na Rodovia Buerarema x Una, próximo à Vila Operaria, mas conhecida como Sururu, distrito do município de Buerarema no sul da Bahia.
Segundo as primeiras informações de testemunhas, foram três indivíduos que efetuaram a emboscada quando o indígena volta para a sua casa na Aldeia de Serra do Padeiro pilotando sua moto Pop. Um tiro o atingiu pelas costas e outros no peito e na cabeça.
Após o comunicado do assassinato, policiais do destacamento de Buerarema começaram diligências atrás dos assassinos. Chegou a circular informações que um dos assassinos tinha sido detido, mas não foi confirmado, bem como o aparecimento de sua moto, o que também, não foi confirmado.
O sepultamento ocorreu ontem no cemitério da Aldeia Serra do Padeiro, por volta das 16:00h após a chegada de seu filho que mora em Santa Catarina, sobre um clima de muita comoção e indignação, este é o primeiro indígena da Serra que é assassinado. As lideranças e a Funai solicitaram que a Polícia Federal investigue o fato.
O assassinato de Luizão ocorreu um dia após o lançamento do Relatório de Violência contra os povos Indígenas – dados de 2015, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário, durante o evento que se realizava na Serra do Padeiro com Pesquisadores e Entidades de apoio. O mesmo relatório tinha sido lançado dois dias antes na Universidade Estadual de Santa Cruz em conjunto cm o Caderno de Conflitos de Campo da Comissão Pastoral da Terra e do livro: “Antes da carga fosse mais Leve” do Movimento de Atingidos por Minérios. O assassinato de Luizão infelizmente vem confirmar o conteúdo das referidas publicações.
O presidente do Cimi, Dom Roque Paloschi, na apresentação do Relatório afirma: o sentimento é de “indignação porque se repetem e se aprofundam as mesmas práticas criminosas, sem que medidas tenham sido efetivamente adotadas. Permanece o quadro de omissão dos poderes públicos, que se negam a respeitar e cumprir a Constituição Federal no que tange à demarcação, proteção e fiscalização das terras; permanece a realidade de agressões às pessoas que lutam por seus legítimos direitos, tais como assassinatos, espancamentos, ameaças de morte; agravam-se os ataques contra comunidades, especialmente aquelas mais fragilizadas e que vivem em acampamentos; permanece a invasão e devastação das terras demarcadas”.
“Até quando teremos que apresentar esses relatórios? No entender do Cimi, esses levantamentos das violações aos direitos indígenas têm um único sentido: servir como instrumento de denúncia para que medidas sejam tomadas e, com isso, as violências, que são práticas contínuas, venham a ser combatidas, diminuídas, e que se consiga chegar a uma realidade justa, na qual sejam respeitados os direitos humanos”. Arremata Dom Roque.
Itabuna, 28 de Novembro de 2016
Conselho Indigenista Missionário
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Haroldo Heleno.