Por Gilderlan Rodrigues da Silva e Filogônio Luiz, do Cimi Regional Maranhão
Com cantos, pinturas, o som de maracá e muita alegria, os Pyhcop Cati Ji (Gavião), Terra Indígena Governador, município de Amarante do Maranhão, realizou a 1ª Assembleia do povo entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro. A atividade contou com aproximadamente 150 participantes, entre lideranças, caciques, mulheres e jovens. Também presentes representantes da associações dos povos Timbira, Wyty Cate e a Articulação das Mulheres Indígenas no Maranhão (AMIMA).
A Assembleia do povo Puhcop Cati Ji foi realizada sob o tema ‘Povo Pyhcop Cati Ji: Construindo seu Projeto de Futuro’. Durante os três dias de Assembleia, o povo Pyhcop Cati Ji, das aldeias Nova Marajá, Governador, Canto Bom, Doze Irmãos, Riachinho, Rubiácea, Água Viva, Monte Alegre, Aldeia Nova, Bom Jardim e Bom Jesus debateram sobre os principais desafios do povo: sonhos, estratégias, projeto de futuro, território, cultura, organização social e política. A realização da 1ª Assembleia era um desejo antigo do povo que desde 2010 tentava organizar o momento de reflexão coletiva.
Após calorosas discussões, o povo Pyhcop Cati Ji reafirmou o compromisso em rearticular a Comissão de lideranças Pyhcop Cati Ji para a luta do processo da demarcação do território, além de realizar fiscalização do território para combater as constantes invasões e lutar pelo reconhecimento das escolas indígenas. As lideranças indígenas manifestaram a indignação com a morosidade da Fundação Nacional do Índio (Funai) em publicar o relatório circunstanciado de identificação e delimitação.
Denunciaram, ainda, o desejo/interferência de outros povos em querer paralisar o processo de demarcação, além das invasões por madeireiros e caçadores em seu território. Todavia, o povo manifesta o desejo de viver em um território livre, onde possam praticar sua cultura, seus rituais, coletar e caçar segundo seus costumes.
Ainda durante a realização da Assembleia, o povo Pyhcop Cati Ji realizou a Conferência Local de Educação Escolar Indígena. Refletiram sobre os problemas da educação escolar indígena com os seguintes eixos temáticos: Organização e Gestão da Educação Escolar Indígena; Práticas Pedagógicas Diferenciadas na Educação Escolar Indígena; Formação e Valorização dos Professores Indígenas; Políticas de Atendimento à Educação Escolar Indígena na Educação Básica; Ensino Superior e Povos Indígenas. Após a reflexão, o povo realizou a eleição dos delegados que participarão da Conferência Regional.
O povo afirma que a 1ª Assembleia teve seu objetivo alcançado, uma vez que saem fortalecidos politicamente e com as alianças internas refeitas para a luta em defesa dos direitos conquistados, independente dos interesses contrários.