Resumo: O racismo é uma ideologia, uma forma de opressão e de violência. A categoria analítica raça-etnia tem se mostrado um indicador eficaz nas ciências humanas para avaliar o acesso aos recursos naturais pelas populações, o direcionamento de políticas públicas e a alocação de resíduos. Na Amazônia, os recursos naturais e as externalidades negativas produzidas no ambiente têm sido distribuídos ao longo do tempo conforme a raça-etnia das populações que vivem na região, estabelecendo uma relação inexorável entre acesso ao patrimônio ambiental, problemas ecológicos e desigualdades sociais. Neste artigo, discutimos as lutas por reconhecimento de direitos territoriais e pelo manejo de princípios ativos (água, gás natural, pedras preciosas, entre outros) pelas populações tradicionais da Amazônia (indígenas, ribeirinhos, quilombolas), sob a perspectiva do racismo ambiental. Defendemos que a noção de racismo ambiental fornece uma linguagem compatível para compreender os conflitos socioambientais em curso na região, ao mesmo tempo em que se configura como um instrumento de advocacy capaz de influenciar na formulação de políticas públicas que efetivem e garantam os direitos dos povos que vivem na floresta.
Por Alessandro de Oliveira dos Santos, Gustavo Martineli Massola, Luís Guilherme Galeão da Silva e Bernardo Parodi Svartman, no BDPI/USP (mais…)
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