Chelsea Manning, livre!

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

Bradley Manning é o jovem soldado estadunidense que repassou ao Wikileaks mais de 700 arquivos secretos referentes à guerra dos EUA contra o Iraque e o Afeganistão. Ele queria, ao revelar os horrores cometidos pelos soldados do seu país, fazer com que tudo aquilo parasse. Ingenuamente acreditou que se as autoridades soubessem o que acontecia de fato, ordenariam que não houvesse mais o terror. Mas, em vez de ser visto como um herói, por informar ao mundo sobre os ataques a civis, torturas, e outras maldades, foi condenado e preso. Sua condenação foi de 35 anos e ele foi anunciado como um traidor da pátria.

Na prisão, o soldado passou por torturas físicas e psicológicas, jogado, nu, numa cela, por longos períodos de completo isolamento. Sofreu todas as dores possíveis. Enfrentando ainda todo um processo interno sobre identidade de gênero, a ele foi negado tratamento médico e acompanhamento psicológico. Por várias vezes tentou o suicídio. Como um típico jovem estadunidense ele sempre acreditou no governo e acreditava sinceramente que estava fazendo um bem ao país.

Massacrado pela perplexidade, solidão, medo, terror e angustias ele ainda conseguiu  encontrar seu verdadeiro eu. Agora, Bradley ficou no passado. Apesar de ter sido negado o tratamento com hormônios, Manning se identifica como Chelsea e assumiu definitivamente sua identidade feminina.

Em todo mundo surgiram campanhas de luta pela libertação de Chelsea, com a atuação sistemática dos movimentos de direitos humanos, visto que as condições da prisão eram absurdas e ilegais. Até o seu julgamento foi secreto.

Finalmente, num dos últimos atos do presidente Barak Obama – no governo até o dia 20 – a pena de Chelsea foi comutada de 35 para sete anos. Com essa decisão ela deverá ser posta em liberdade no próximo mês de maio.

Uma boa notícia, finalmente. Resta saber em que condições ela sairá e como enfrentará a vida fora da prisão.

Do fundo do meu coração espero que Chelsea ainda receba a merecida honra por ter divulgado ao mundo os massacres de civis no Iraque e toda a sorte de terrores que são impostos pelos EUA aos povos que dizem “salvar”. Manning, com Snowden e Assange são os heróis reais do nosso tempo.

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