200 mil na Avenida Paulista contra o desmonte da Previdência

Trabalhadores de mais de 60 organizações e movimentos populares realizaram ações durante toda a jornada do 15M

Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST

“A maior mobilização da história recente do país”. Assim avaliaram alguns dos representantes de organizações e movimentos populares que tomaram a palavra durante o ato contra a reforma da Previdência em São Paulo, que reuniu mais de 200 mil pessoas no fim da tarde desta quarta-feira (15).

A manifestação foi convocada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além das centrais sindicais e movimentos populares do campo e da cidade. “Esse dia vai ficar para a história da luta do povo trabalhador do Brasil”, afirmou a dirigente nacional Sem Terra Kelli Mafort, durante sua intervenção no carro de som.

Segundo Mafort, o projeto de reforma da Previdência impacta todos os trabalhadores e trabalhadoras, de modo geral, mas incide de maneira ainda mais violenta sobre a vida das mulheres, especialmente das trabalhadoras rurais. “Trata-se de uma crueldade com as mulheres, porque passa por cima da divisão sexual do trabalho, da desigualdade que existe na nossa sociedade e do machismo, quando iguala a idade de homens e mulheres para 65 anos. Então, nós estamos nas ruas em defesa da aposentadoria rural, pelo nosso direito de ser assegurados especiais, pelo direito de que as mulheres camponesas possam aposentar-se aos 55 anos e os homens aos 60 anos” afirmou. Para ela, só o povo mobilizado será capaz de derrotar o projeto golpista. “A população do campo precisa de fato realizar um grande levante no país”, afirmou.

Apesar da enorme quantidade de pessoas que saiu às ruas da maior cidade do país e ocupou o coração do centro financeiro do Brasil, os meios de comunicação tradicionais evitaram falar em números esforçado-se uma vez mais para criminalizar as ações de luta dos movimentos populares. Segundo Mafort, a postura da grande mídia é reflexo do medo que os setores dominantes têm do povo organizado. E completou dizendo que o sucesso do 15M foi somente o começo de um processo que objetiva a defesa dos direitos da classe trabalhadora e a restauração da democracia no Brasil. “Mexer com a Previdência significa provocar o povo para tomar as ruas. Esse é só o começo. Daqui para frente, faremos um processo de luta permanente, que começou no 8 de Março, com a mobilização das mulheres, chegamos a este 15M, e não vamos parar até o governo Temer sair e a aposentadoria ficar” finalizou

Outras ações na capital paulista

Mais cedo, outras mobilizações já tinham sido realizadas pelos movimentos populares na capital paulista. As mulheres Sem Terra participaram da ocupação do edifício do INSS, no centro da cidade. A atividade foi realizada por 200 mulheres do MST, Movimento de Atingidos por Barragens, Marcha Mundial de Mulheres, entre outras organizações.

Greve dos professores

Os professores da rede estadual, organizados na Apeoesp, chegaram a reunir mais de 45 mil pessoas na Praça da República, onde realizaram uma assembleia histórica. Nela, decidiram iniciar uma greve permanente a partir do dia 28 de março. Também nos dias 20 e 27 de março, a categoria organiza protestos em diversos aeroportos do país, com o objetivo de pressionar os deputados e deputadas, senadores e senadoras, a se posicionar contra o projeto de desmonte da Previdência Social. Segundo a assessoria da Apeoesp, em todo o estado de São Paulo, mais de 80% dos professores aderiram à paralisação.

Outras categorias também realizaram assembleias e atos durante o dia, como os metroviários, que desafiaram uma decisão judicial, que proibia a greve, e pararam as atividades durante todo o dia. Os ônibus também deixaram de circular na capital. Trabalhadores dos correios e os bancários também aderiram à paralisação.

Protestos no interior

Diversas cidades do interior paulista se mobilizaram nesse 15M. Foi o caso dos trabalhadores da indústria automotiva de São Bernardo do Campo, que além de cruzar os braços para o trabalho, realizaram uma grande mobilização nas redondezas do complexo industrial.

Também houve protestos em Campinas, Bauru, Osasco, Marília, Santos, São Sebastião, Piracicaba, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Sorocaba, Americana, entre outros municípios do estado.

Lula na Paulista

O ex-presidente Lula também participou do ato contra a reforma da Previdência em São Paulo. Lula fez uma intervenção breve e chamou a atenção para o verdadeiro motivador do golpe parlamentar contra a presidenta Dilma no ano passado. “Está ficando cada vez mais claro que o golpe não foi contra a Dilma, mas foi para colocar no governo um cidadão ilegítimo para aprovar medidas que retiram os direitos da classe trabalhadora do Brasil” disse o ex-presidente.

Lula destacou que o desestímulo ao emprego, praticado pelo governo ilegítimo, é o principal problema da Previdência Social hoje. E destacou os perigos dessa reforma para a produção agrícola, as economias dos pequenos municípios do Brasil e para a população camponesa de um modo geral.

O ex-presidente parabenizou as organizações populares pela jornada de lutas e apontou saídas para a crise política, social e econômica que o Brasil enfrenta: “continuo cada vez mais convicto que somente o povo nas ruas, usando os seus instrumentos de lula, e quando novamente houver um presidente democraticamente eleito, é que vamos conseguir sair da crise e fazer o país voltar a crescer”, afirmou.

*Editado por Maura Silva 

Foto: Pedro Biava

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