Indígenas realizam ritual da urtiga para celebrar início da colheita em Cacoal

Ritual é uma forma de se purificar e agradecer pelo alimento, diz líder. Evento ocorreu no Centro Cultural da Aldeia Paiter Wagôh Pakob.

Por Fernanda Bonilha, no G1 RO

Os indígenas da Aldeia Paiter Wagôh Pakob realizaram neste fim de semana o Penõb Areh Eweh, ritual da colheita do milho, também conhecido como o ritual de urtiga, que celebra a primeira colheita de milho do ano pelos índios locais. O evento ocorreu no Centro Cultural localizado na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), a 480 quilômetros de Porto Velho.

Durante o ritual, os índios mais velhos passam folhas de urtigas no rosto e corpo de crianças e adultos, seguindo a tradição Paiter Suruí. Para a ocasião, os indíos preparam e bebem a chicha, bebida feita de milho e considerada sagrada pelo povo.

“Para o ritual nós preparamos a chicha dois dias antes e só depois de passar pela urtiga e beber a chicha é que podemos comer os alimentos feitos com a colheita do milho”, afirma Gasodá Suruí, um dos organizadores.

Gasodá explica que o ritual significa a purificação para receber o alimento e uma forma de agradecimento.

“Para nós, é um ritual sagrado do povo Paiter porque é uma forma da gente agradecer o nosso criador pela força e pela coragem de trabalhar e de produzir. É também um momento de beber chicha e passar pela urtiga como uma forma de purificar e afastar o mau espírito, além de preparar o jovem para ser um guerreiro de verdade, para ajudar nosso povo a lutar pelos seus direitos”, expõe Gasodá.

O líder indígena ainda explica que como o ritual é de purificação, todos da aldeia devem passar pela urtiga. “Essa urtiga é passada pelo mais velho da aldeia, que é uma pessoa mais experiente e preparada e tem conhecimento dessa sabedoria”, disse.

Para o coordenador Urariwe Suruí, o ritual, além de ser um forma de demonstrar gratidão pelo alimento, serve também para encorajar os jovens e resgatar a cultura indígena.

“Realizar essa cerimônia nos oportuniza resgatar um pouco da nossa história. No decorrer do tempo, acabamos abandonando essas práticas. Então essa cerimônia é realmente para resgatar a nossa cultura. E essa passagem deve ser transmitida principalmente aos jovens para poder medir a coragem deles e fortalecer esses jovens”, declarou.

O evento foi realizado no último sábado, no Centro Cultural Paiter Wagôh Pakob, na Aldeia Paiter da Linha 9,  localizada na Terra Indígena Sete de Setembro.

Foto: Fernanda Bonilha

 

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