Morre o indígena Iawí Avá-Canoeiro, sobrevivente de massacre histórico

Familiares de Iwaí são os últimos integrantes da tribo Avá-Canoeiro após massacre ocorrido em 1969

Do Mais Goiás

O indígena Iawí, sobrevivente de um massacre cometido contra sua tribo em 1969, morreu nesta semana, em Goiânia. A informação foi divulgada pela Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), visto que Iawí, de 56 anos, era aluno da Extensão Avá-Canoeiro Ikatote, localizada na aldeia da TI Avá-canoeiro, no município de Minaçu.

De acordo com a Seduce, Iawí estava internado no Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, há cerca de dois meses para o tratamento de câncer nos ossos. Ele faleceu na unidade por voltadas 14h desta terça-feira (6).

A pasta informou que disponibilizou um veículo para que o corpo de Iwaí fosse transportado para Minaçu, o que ocorreu na madrugada desta quarta-feira (7). No local onde o indígena morava, seus familiares realizarão os rituais funerários próprios de sua etnia.

Massacre

Iawí era um dos únicos integrantes da tribo Avá-Canoeiro, vítima de um massacre em 1969 que deixou 150 mortos. Após o episódio de violência, ele se refugiou em uma caverna por 12 anos com três mulheres da mesma etnia. Com uma delas, teve dois filhos. Após o período nas cavernas, passaram a viver como nômades, até que aceitaram viver sob a tutela da Funai em 1981.

A Seduce, em 2 maio de 2016, juntamente com seus parceiros Funai e as universidades Federal de Goiás (UFG), Estadual de Goiás (UEG) e a de Brasília (UNB), deu início a Educação Escolar Indígena na TI Avá-Canoeiro com a abertura da Extensão Avá-Canoeiro Ikatote, nas modalidades de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano. Iawí juntamente com seu povo era aluno nesta unidade escolar e estava aprendendo a ler e a escrever numa educação trilíngue, pois sua língua materna era Avá-canoeiro. Ele também já falava português e sua filha Niwatima se casou com Kapitomy’i Tapirapé, lhe dando três netos que também se comunicam na língua Tapirapé.

“Iawí nos deixa, mas seu espírito estará presente e provavelmente feliz em ver seu povo tendo oportunidade de estudar numa educação que tem como princípios a interculturalidade e a trandisciplinaridade. O respeito e a valorização as especificidades à cultura são elementos primordiais a este trabalho que deve ser diferenciado e específico”, diz nota emitida pela Seduce. “Sua filha Niwatima é professora de língua Avá-canoeira e os 13 alunos tem o direito garantido a uma educação trilíngue com currículo, calendário e acompanhamento específicos”, finaliza.

Foto: Giovanna Beltrão/Encontro de Culturas.

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