“Matar é uma das faces do racismo”, diz Lázaro Ramos durante lançamento de livro em Salvador

Primeira publicação do ator para adultos aborda temas como ações afirmativas, gênero, família e empoderamento

Por Roberto Midlej, no Correio

O ator Lázaro Ramos esteve neste sábado (1) no Shopping Barra para lançar o livro Na Minha Pele, seu primeiro livro dirigido ao público adulto. A publicação reúne textos inéditos do baiano de 38 anos sobre temas como ações afirmativas, gênero, família e empoderamento.

Ao CORREIO, o ator, que tem mais de 20 anos de carreira, afirmou que, em relação ao racismo, o Brasil deu alguns sinais de avanço, mas também houve retrocesso em alguns pontos: “Ressalto algo muito positivo, que é o fato de muita gente hoje ter confiança para colocar sua boca no mundo. E isso acontece nas redes sociais e nas universidades. Por outro lado, pesquisas mostram que os jovens negros são vítimas da violência e isso é muito entristecedor. Isso é uma face do racismo: matar”.

Literatura

“No início, eu ia fazer um livro cheio de dados e estatísticas, mas depois percebi que eu queria falar sobre formação de identidade e a luta contra o preconceito. Por isso, vi que tinha que colocar meu coração nele também”, disse Lázaro.

Ele afirmou que os textos refletem também a influência de pesquisadores como Vanda Machado e Muniz Sodré. “Espero que o livro seja mais uma voz de estímulo ao empoderamento saudável, em que as pessoas se aproximam e alcançam o grande objetivo, que é a igualdade”, acrescentou.

Na fila, havia mais de 200 pessoas com o livro na mão, aguardando sua vez de pegar o autógrafo. Entre os fãs de Lázaro, estava o grafiteiro e tatuador Robson Caldas, conhecido como Finho, 36 anos, que admira o ator, mas hoje o vê também como um importante representante da voz dos negros brasileiros: “Ele é uma referência para os negros que não se enxergavam nos meios de comunicação e hoje se veem representadas por Lázaro e pelo Bando de Teatro Olodum (onde o ator iniciou a carreira).

Lázaro também é importante porque ajudou a quebrar o costume que tínhamos de ver o negro na TV sempre nos papeis de bandido ou sequestrador. Ele é muito importante!”, disse Finho, que havia chegado ao Shopping às 10h e aguardava até as 15h pelo ator.

Lázaro, no entanto, disse não se sentir à vontade para se autointitular um representante dos negros: “A pessoa não deve dar esse título a si mesma (…) Fico muito feliz com cada pessoa que chega pra mim e diz que se sente representada. Vejo muitas pessoas negras aqui nesta plateia, mas vejo também pessoas brancas e todos são acolhidos pela baianidade e comemoro isso. Mas não posso me dar título nenhum”.

 

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