Luisa Fenizola – RioOnWatch
Na primeira matéria da série, traçou-se uma paralelo entre as favelas cariocas e os caniços maputenses em termos do seu surgimento e de seu papel em uma cidade partida, seguido na segunda matéria pelos desafios comuns enfrentados por essas comunidades. Mas apesar dos desafios, assim como as favelas, os caniços são um espaço de intensa atividade cultural e imenso potencial criativo. Assim como o funk é o carro chefe cultural das favelas, a marrabenta é um ritmo tipicamente urbano comumente associado com essas comunidades. Mas elas vão muito além disso: também são o espaço da kizomba–dança em pares de Angola e em Cabo Verde, mas amplamente consumida no país, na qual se move também para frente e para trás além de um lado para o outro–e danças que se desenvolveram como formas de resistência colonial e que foram trazidas de diversas partes do país, assim como as favelas são também o espaço do samba, do rap, do jongo–também danças e práticas de resistência e que conjugam saberes vindos de diversas partes no fluxo para a cidade grande. (mais…)