Em Correntina, na Bahia, comunidades debatem identidade e resistência no Cerrado

Encontro tem início nesta sexta-feira, 28, e segue até domingo, 30. São esperados 80 representantes de comunidades do Cerrado e agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Por Elvis Marques – Setor de Comunicação da Secretaria Nacional da CPT

“A identidade das comunidades e a resistência do Cerrado” é o tema do Encontro das Comunidades do Cerrado que acontece entre os dias 28 e 30 de julho na Escola Família Agrícola Padre André (EFA), situada no município de Correntina, na região Oeste da Bahia. Organizado pela Articulação das CPT’s do Cerrado – projeto que reúne os Regionais da CPT presentes no bioma –, o evento deve reunir cerca de 80 pessoas vindas dos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, e da Bahia.

“Estamos numa região onde o processo de devastação do Cerrado é assustador. Mas, ao mesmo tempo, existem muitas experiências de lutas e resistências das comunidades tradicionais”, explica Abeltânia Santos, agente da CPT na Bahia. Ela destaca ainda que o encontro é uma oportunidade “para aprofundar as reflexões sobre as ameaças ao Cerrado e ao seu povo. Mas, sobretudo, de articulação das comunidades para se fortalecerem em suas lutas em defesa do Cerrado”.

O Encontro das Comunidades do Cerrado tem início com as partilhas dos/as participantes sobre suas experiências organizativas e o que os identificam enquanto comunidades, e sua relação com a terra e a água. Após isso, na noite do primeiro dia do evento, será realizada uma Feira para troca de sementes entre as comunidades. Acontecerão ainda apresentações culturais e mostra de vídeos, como o documentário “Seu churrasco tem soja?”, produzido por Thomas Bauer, agente da CPT na Bahia. No dia 29, o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto-Gonçalves, falará sobre a identidade dos povos do Cerrado e a relação com o bioma.

Para Paulo César Moreira, membro da coordenação nacional da CPT, estamos vivendo um grave momento de desrespeito e de desmonte dos direitos dos povos do campo, com grave aumento das violências contra as comunidades, além do desmatamento acelerado do Cerrado e a expropriação do povo de seus territórios. Neste contexto, o coordenador pontua que “este encontro quer evidenciar e valorizar outra lógica, a da força dos povos do Cerrado, resistências, sua cultura, espiritualidade e relação com a vida. São essas pessoas que preservam a natureza, as águas, as sementes, os territórios”.

Em sintonia com a análise de Paulo, no domingo, dia 30, para uma troca de experiências, os/as participantes do Encontro visitarão a Comunidade geraizeira e de fundo e fecho de pasto do Salto, situada no município de Correntina. Local onde os moradores e moradoras, além de lutarem pelo território, agora trabalham para recuperar e cercar suas fontes de água.

Caravana de Goiás, Mato Grosso do Sul, e Tocantins a caminho do Encontro das Comunidades do Cerrado. Crédito: Rafael Oliveira/CPT 

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