O VI Encontro de Mulheres Apinajé realizado no período de 12 a 16 de dezembro de 2017, na aldeia Bacabinha, TI. Apinajé debateu usos e aproveitamentos da Palmeira babaçu. Ao menos 60 mulheres vindas das aldeias Apinajé participaram das palestras, oficinas de artesanatos, quebra e extração das amêndoas, fabricação do óleo de babaçu e outras atividades agroecológicas.
O Encontro foi uma parceria da Associação Pempxà, FUNAI, prefeituras de Cachoeirinha e São Bento do Tocantins. Esse foi mais um importante encontro da agroecologia realizado na TI.Apinajé, e serviu como espaço de intercambio, troca de experiências, transmissão de saberes e desenvolvimento cultural.
Nesse Encontro as lideranças mais idosas, de maneira prática e natural repassaram aos mais jovens os valores socioambientais definidos nas relações recíprocas existentes com essa palmeira, que há muitos anos utilizamos em nosso dia-a-dia. Assim em cada Encontro aprende se sobre os valores e a importância do babaçu, que num passado recente esteve gravemente ameaçado pela ação dos fazendeiros e grileiros.
Diariamente utilizamos as palhas dessa palmeira para cobrir nossas casas, fazer esteiras e cestos. Das amêndoas tiramos o leite e o óleo. O mesocarpo é uma massa existente na entrecasca e é alimento das caças. Mas, o mesocarpo também já é extraído e processado pelas quebradeiras de coco e é utilizado para fazer mingaus. A parte lenhosa da casca é aproveitada em toda a região para fabricação do carvão vegetal.
Então por essa razão a palmeira babaçu é uma espécie importante que merece atenção especial, e cujos valores ambientais e culturais não podem ser desprezados. De forma altiva a espécie se destaca embelezando as paisagens urbanas e rurais do Norte de Tocantins, Sudeste do Pará e Sul do Maranhão sendo motivo de alegria e orgulho para os povos indígenas, quilombolas e camponeses.
Na cultura das quebradeiras de coco, a palmeira babaçu também já virou música que é cantada para animar nossas lutas e mobilizações. A palmeira ainda é citada em poesias, como no trecho a seguir: “Araguaia, em tuas margens, o colibri beija a flor da ingazeira. A brisa das manhãs é suave, e balança as palhas das palmeiras. Terra de mulher guerreira; menina, morena faceira, quilombola, quebradeira”.
Esperamos que sejam realizados mais Encontros das quebradeiras de coco Apinajé e, como ideia e sugestão da próxima vez convidar também os professores e alunos das Escolas Indígenas Mãtyk e Tekator, afinal de contas esses Encontros são ricos em experiências práticas e conteúdo que podem ser considerados aulas, que sem dúvida contribuirão para o desenvolvimento socioambiental e cultural dos alunos e professores.
Terra Indígena Apinajé, 21 de dezembro de 2017