Rede Favela Sustentável identifica soluções comunitárias para riscos ambientais nas comunidades do Rio

Rafael Chaves – RioOnWatch

A Comunidades Catalisadoras—organização responsável pelo RioOnWatch–acaba de lançar o mapa da Rede Favela Sustentável (RFS) com 111 iniciativas comunitárias, na Região Metropolitana do Rio, que fortalecem a resiliência social e sustentabilidade ambiental local. A pesquisa apresentada abaixo do geólogo Rafael Chaves, da UFRJ, faz parte do relatório completo, “Rede Favela Sustentável: Mapeamento (2017)”, que descreve todo o processo do trabalho e os resultados obtidos.

A literatura científica já vem identificando, há décadas, um padrão de localização das favelas. Por se tratar, muito frequentemente, de uma estratégia de apossamento de áreas desocupadas no tecido urbano para a autoconstrução de moradias, na maior parte dos casos, as áreas encontram-se desocupadas por apresentarem baixo valor no mercado imobiliário devido, dentre outras, às suas características de susceptibilidade a riscos ambientais.

Ponderando que ao questionar sobre os riscos ambientais, sabemos que estamos obtendo respostas sobre a percepção de risco pelos participantes. Dessa forma, verificamos no Gráfico 1, que das iniciativas mapeadas, apenas 26,1% declararam que as áreas impactadas pela iniciativa não estão sujeitas a riscos ambientais.

Dentre os participantes que sinalizaram a presença de risco ambiental nas áreas das iniciativas, podemos ver no Gráfico 2 que em 63% dos casos, as iniciativas comunitárias mapeadas contribuem positivamente para o aumento da segurança nas áreas ameaçadas.

Analisamos os detalhes dos relatos sobre as ações de cada iniciativa que afirmou contribuir para aumentar a segurança, e organizamos em 5 categorias o universo de 33 iniciativas que contribuem diretamente para o aumento da segurança frente aos riscos ambientais, que podem ser vistas no Gráfico 3:

  1. Conscientização sobre o risco (34%), quando a iniciativa busca levar informações sobre as possíveis catástrofes aos habitantes sujeitos ao risco, além de instruir sobre como se protegerem em caso de catástrofe, ou como agir para minimizar a intensidade do risco;
  2. Redução de degradação (34%), quando a iniciativa implementa ações que reduzem as pressões ecológicas geradas pela falta de infraestrutura urbana (saneamento, coleta de lixo), tanto nas áreas onde as habitações são construídas, ou em seus arredores;
  3. Mitigação do risco (26%), quando a iniciativa atua diretamente nos fatores que potencializam as catástrofes, seja no reflorestamento de encostas com o objetivo de conter deslizamentos, na elaboração de estudos sobre contaminação do solo para a construção de habitações populares seguras, tratamento do próprio esgoto com o fim de evitar a contaminação, etc.;
  4. Atenuação de impactos negativos (3%), quando a iniciativa busca soluções para problemas cotidianos, decorrentes da falta de infraestrutura urbana, como a captação de água da chuva em locais onde não existe abastecimento regular; e
  5. Alerta de catástrofes (3%), quando a iniciativa cria mecanismos de propagação rápida de informações sobre eventuais catástrofes para potenciais vítimas.

Partindo das informações apresentadas, podemos concluir que as iniciativas mapeadas oferecem uma relevante colaboração para a qualificação das condições ambientais dos sítios ocupados, demonstrando grande capacidade de resiliência e promovendo a sustentabilidade. Quando consideradas enquanto um conjunto, identificamos que as organizações da sociedade preenchem lacunas deixadas pelo poder público, pois além de buscar alternativas para a localização da habitação, esforçam-se para melhorar a qualidade de vida da população através de ações de transformação do espaço.

O mapeamento continua aberto para atualizações regulares. Saiba mais aqui.

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