Por: Ricardo Machado – IHU On-Line
A violência que atravessa a história do Brasil como uma enorme e visível ferida aberta pode ser explicada pelo contínuo processo de exclusão em que a população mais pobre é submetida. Ela se explica menos pela pobreza, também histórica, e mais pelas intrincadas e complexas relações entre as populações marginalizadas e a truculência de Estado. A recente chacina em Fortaleza, que matou 12 pessoas e deixou outras dez feridas, revela uma nova face da violência no país, infelizmente, mais bárbara. “Existe uma peculiaridade na cena de Fortaleza que assustou todo mundo. As duas maiores chacinas de São Paulo nos anos 1990, produziram 12 mortes cada uma delas e as pessoas que morreram, segundo os matadores, tinham, de alguma forma, provocado aquele destino. Por mais bárbaro que fosse, existia um certo limite no crime que costumava ser respeitado. No caso do Ceará a morte de oito mulheres, simplesmente por morarem em um lugar associado a outra facção, vai além dos limites que costumavam ser estabelecidos pelos criminosos”, pondera o professor e pesquisador Bruno Paes Manso, em entrevista por telefone à IHU On-Line. (mais…)