Em apoio à UNB, universidades públicas oferecem cursos sobre o golpe de 2016

Em defesa da Universidade de Brasília, que vai ministrar a matéria ‘O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil’, ao menos dez faculdades públicas ofertarão conteúdo semelhante

por Redação RBA

Ao menos dez universidades públicas possuem interesse em ministrar cursos sobre o golpe de 2016, que destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) sem haver crime de responsabilidade, deixando o vice, Michel Temer (MDB), em seu lugar no Palácio do Planalto. A pioneira foi a Universidade de Brasília (UnB). A tentativa de censura por parte do ministro da Educação, Mendonça Filho, fez a comunidade acadêmica se mobilizar em apoio à instituição da capital federal.

O Departamento de Ciência Política da Universidade de Campinas (Unicamp) foi o primeiro que saiu em defesa da UnB. A instituição, em nota, afirmou “irrestrita solidariedade ao professor e pesquisador Luís Felipe Miguel, da UnB, que ministrará neste semestre a disciplina ‘O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil’”. A universidade no interior de São Paulo oferecerá a mesma matéria para os alunos interessados.

Universidade Federal do Amazonas (Ufam) ministrará uma disciplina similar, com outro nome: “golpes de Estado, autoritarismo e repressão no Brasil republicano”. “Vivemos sob tempos sombrios. O avanço das forças conservadoras sobre o conjunto de direitos que haviam sido conquistados pelos trabalhadores se faz constante”, afirmou, ao Portal Manaus de Fato, o professor do departamento de história da Ufam César Augusto Bulbolz.

“Tentativas de cerceamento das atividades artísticas e acadêmicas estão virando rotina. A exposição cancelada no Santander, a performance no MAM, os protestos contra a visita de Judith Butler e, agora, a ameaça do Ministério da Educação (MEC) de proibição da disciplina ofertada demonstram que a democracia está em risco e que devemos reagir de forma enérgica contra essas constantes tentativas de censura e aos ataques à autonomia intelectual e às artes”, completou.

Já a Universidade Federal da Bahia (UFBA) ofertará a disciplina “Tópicos Especiais em História: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. A iniciativa partiu de mais de 20 professores de diferentes disciplinas das áreas das Humanidades. A responsabilidade por ministrar a matéria será do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH). Além dos alunos, a disciplina estará aberta para o público geral cursá-la como ouvinte.

Outra universidade que saiu em defesa da UnB e deve ministrar uma disciplina similar foi a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). “Ministro de Estado não deve ocupar o cargo para derrubar a autonomia universitária”, revelou o professor Agassiz Almeida, da UEPB, em entrevista ao portal ParlamentoPB.

Enquanto mais universidades saem em defesa da liberdade de cátedra e da autonomia universitária, os estudantes aguardam para cursar as disciplinas sobre o golpe de 2016. Na UnB, já existe lista de espera para a matéria.

Também demonstraram interesse em ministrar matéria similar, até o momento, as seguintes instituições: Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ); Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Comments (3)

  1. O que impede as universidades de criar matérias como: “PT no poder: 13 anos de incompetências, desmandos e corrupção.”, ou “Dilma: como uma pessoa absolutamente inepta conseguiu chegar à presidência do Brasil.”

    Essa matéria ridícula é só proselitismo político de quinta categoria usando a universidade pública, e só será feita por petralhas e congeneres. Um estudante sério não vai querer ter essa mancha no currículo.

  2. que bom! tudo deveria ser assim no brasil de agora em diante!

    como em fuenteovejuna (de lope de vega): todos a una!

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