Desembargadora que ofendeu Marielle criticou Zumbi dos Palmares e pediu fuzilamento de Jean Wyllys

Marília de Castro Neves Vieira também afirma que Lei Maria da Penha pode ser usada “covardemente” contra homens

Por Gil Alessi, no El País Brasil

Para a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o líder negro Zumbi dos Palmares é um “mito inventado”, que serviria para “estimular um racismo que o Brasil até então não conhecia”. A magistrada, que ganhou os holofotes ao escrever no Facebook mentiras sobre a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14, coleciona posts de cunho machista e homofóbicos na rede social. Sobre o fundador do quilombo dos Palmares, o maior do Brasil, Vieira afirma que “talvez o povo entenda que investir na educação não é (…) inventar mitos históricos como Zumbi para estimular um racismo que o Brasil até então não conhecia”.

Nesta terça-feira o PSOL entrou com outra representação contra ela – a primeira foi pela difamação de Marielle. Desta vez o partido acionou o Conselho Nacional de Justiça contra a desembargadora por, em outra postagem, ter sugerido, em dezembro de 2015, o fuzilamento do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), único parlamentar homossexual assumido do Congresso. Em uma postagem Vieira afirma que ela, “particularmente”, é “a favor de um “paredão” profilático para determinados entes… O Jean Willis (sic), por exemplo, embora não valha a bala que o mate e o pano que limpe a lambança, não escaparia do paredão”. Um seguidor comenta que o deputado “gostaria” de ser fuzilado se pudesse “ficar de costas”, ao que a desembargadora responde de forma homofóbica, dizendo ter dúvidas, uma vez que “o projétil é fininho”.

Em outra postagem a juíza dispara contra a Lei Maria da Penha, considerada uma das legislações mais importantes já aprovada no país para o enfrentamento da violência contra a mulher. Estima-se que a Lei tenha evitado até 250.000 mortes. “Até onde se sabe, numericamente somos [as mulheres] maioria, o que não impede a politicamente correta Lei Maria da Penha de ser covardemente utilizada contra o homem nas relações conjugais – ou semelhante”, escreve Vieira.

Marília de Castro Neves Vieira também escreveu sobre assédio sexual e direitos das minorias. “Sinceramente, não aguento mais ler palavras de ordem do tipo: assédio sexual, direitos das minorias, inclusão social, social democracia…. Assédio sexual é o que??? Paquera no trabalho???? Francamente!!!! Será que não temos nada mais importante pelo que lutarmos???? Uma pia de louça para lavarmos???”, diz a postagem.

Reprodução do perfil no Facebook

Em um grupo fechado do Facebook intitulado “Juízes”, Vieira debochou de pessoas com síndrome de Down. A desembargadora diz ter ouvido no rádio que “o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de down!!!”. Ela continua: “Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem (sic)???? Esperem um momento que fui ali me matar e já volto, tá?”.

A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down divulgou nota de repúdio à desembargadora por seu “preconceito” com relação às pessoas com Down. “Não obstante essa árdua luta que visa mudar os paradigmas sociais e culturais mediante novos valores que reconhecem a dignidade humana, nos deparamos com comentários feitos por pessoa cujo exercício da nobre função de magistrada, desce ao mais baixo nível”, diz o texto.

Fake news sobre Marielle

Durante o final de semana a desembargadora escreveu um post que viralizou na rede. Eram mentiras sobre a vereadora assassinada. Na mensagem, Vieira afirmou que Marielle “estava engajada com bandidos” e “não era apenas uma lutadora”. Ainda de acordo com ela, “a tal Marielle descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores”, supostamente do Comando Vermelho , e por isso foi morta.

Após a polêmica envolvendo seu post com mentiras sobre Marielle a desembargadora divulgou nota, na qual afirmou que se precipitou ao divulgar informações que teria lido em uma postagem no Facebook. “A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações, para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema”, diz o texto. “Reitero minha confiança nas instituições policiais, esperando, como cidadã, que este bárbaro crime seja desvendado o mais rápido possível. Independentemente do que se conclua das investigações, a morte trágica de um ser humano é algo que se deve lamentar e seus algozes merecem o absoluto rigor da lei”.

Imagem destacada: Desembargadora Marilia Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Foto: reprodução do seu perfil no Facebook.

Comments (1)

  1. Essa desembargadora veio de onde? Que pensamento retrógrado… perverso. Horrível!!! E essa blusa apertada na barriga….

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