Uespi recebe Daniel Munduruku, um dos principais escritores indígenas brasileiro

A roda de conversa faz parte do projeto Sesc Aldeia Intercultural em parceria com o NEPA.

Valéria Soares, Governo do PI

O Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro (NEPA) da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) promoveu, nessa quinta-feira (12), a roda de conversa “Vozes ancestrais: conversas sobre a cultura dos povos indígenas”, com o professor, escritor e pesquisador indígena, Daniel Munduruku. Alunos e professores dos cursos de Letras/Português, História, Pedagogia, Ciências Sociais, Comunicação Social participaram do encontro no auditório do Palácio Pirajá, campus Poeta Torquato Neto.

A roda de conversa faz parte do projeto Sesc Aldeia Intercultural em parceria com o Nepa. Daniel veio ao Piauí também lançar o livro Mundukurando, com ensaios, entrevistas, artigos. Na abertura do evento, o coordenador do Nepa, professor Elio Ferreira, destacou que, para Uespi, a presença do professor Daniel Munuduku é uma honra. “Estamos recebendo um dos nomes mais importantes da literatura indígena e agradecemos ao Sesc por nos dar essa oportunidade”, disse. O docente ressaltou que ele será muito bem vindo na próxima edição do África Brasil, evento internacional realizado pelo núcleo a cada dois anos.

O vice-reitor Evandro Alberto parabenizou a iniciativa do evento destacando que já está sendo estudado a possibilidade de expandir a roda de conversa, sobre cultura dos povos indígenas, para os outros campi da IES. A professora de História da Uespi e organizadora do evento, Iraneide Soares, reiterou que  é preciso avançar nas discussões sobre a cultura indígena. “Temos que trazer o indígena para a universidade”, afirmou.

“A Uespi abre uma nova perspectiva com esse encontro de não só ler o autor do texto, mas dialogar com ele”, comenta a coordenadora do curso de letras português, Márcia Edilene, na mesa de abertura.

O professor Daniel Munduruku iniciou a roda de conversa saudando os presentes na língua munduruku: “Que esse encontro seja tão bom para vocês como vai ser para mim”. No diálogo, relatou sobre como é a vida para os indígenas, como eles são vistos na sociedade, tanto na questão ideológica como no estereótipo. “Eu não sou índio. Não existem índios no Brasil, mas sim diversos povos indígenas, com diferentes modos de viver. Ele disse que deve ser compreendido que o indígena do século XXI não é o mesmo do século XVI”, ressaltou.

Daniel também contou sobre a trajetória na educação, sobre a produção de sua obra literária de narrativas indígenas e as lutas políticas travadas pelo povo indígena no Brasil. O escritor falou que o indígena é mais importante para a universidade do que a universidade para o indígena, pois eles são um povo que traz o conhecimento ancestral. “É de grande importância que a questão indígena esteja presente em todos os momentos na universidade. Não se pode esquecer que essas populações sempre estiveram presentes no Brasil, e por muito tempo elas foram ocultadas, deixadas a margem”, afirmou o escritor.

De acordo com ele, as discussões devem ser na universidade e na sociedade brasileira como um todo. “Em um momento como esse, o indígena pode ser protagonista da própria história. Isso é dar importância para mostrar que ele é, sobretudo, um contemporâneo. Ele está nesse lugar, nessa sociedade, vivendo as agruras, as dificuldades e as facilidades e vivendo o século XXI como nós vivemos”, comenta.

Munuduk parabenizou a Uespi pela iniciativa e enfatizou que é preciso ter a presença do indígena na universidade. “É um espaço para o indígena. É um espaço para a construção de saberes”, finalizou.

Daniel Munduruku
Escritor indígena brasileiro, filósofo, professor e educador social. Autor de 52 obras indígenas voltadas para crianças, jovens e educadores. Nascido em Belém (PA), filho do povo Indígena Munduruku. Sendo um dos principais nomes da literatura indígena no Brasil e mundo, dedicou-se a narrar a história de seu povo na literatura infantil, seu primeiro livro foi o “História de Índio”, lançado em 1996.

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