Por Piero Locatelli, no The Intercept Brasil
O Policial Civil Raimundo Nonato de Oliveira Lopes achou que poderia morrer se não atirasse em Antônio Pereira Milhomem, o Tonho, na manhã de 24 de maio do ano passado. Nonato não tinha medo de Tonho. O trabalhador estava desarmado e rendido. O medo vinha dos policiais militares enfileirados nas suas costas.
Nonato havia acabado de chegar a uma clareira na Fazenda Santa Lúcia, localizada na cidade de Pau D’Arco, fronteira agrícola do sudeste do Pará. Nela, policiais militares haviam matado há pouco seis trabalhadores sem-terra que ocupavam a propriedade. Outros quatro, incluindo Tonho, seguiam vivos, mas perderiam a vida logo a seguir. Nonato ainda não sabia, mas presenciaria ali o maior massacre no campo no Brasil desde Eldorado de Carajás, em 1996. (mais…)
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