Universidade Federal do Ceará se pronunciou após pedido do MPF de suspensão imediata da disciplina
No O Povo
Depois que o Ministério Público Federal (MPF) pediu a suspensão da disciplina “O Golpe de 2016: o futuro da Democracia”, ofertada na grade optativa do curso de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), a reitoria da universidade se pronunciou pela primeira vez por meio de nota.
No comunicado divulgado no fim da tarde do último dia 26, a instituição manifestou “estranhamento” com a ampla divulgação de informações da ação civíl pública que tem por objetivo discutir o mérito da disciplina.
Segundo informou a UFC, ainda não foi informada sobre abertura de ação. “A divulgação ocorreu antes mesmo do protocolo da ação junto à Justiça Federal no Ceará, o que se deu somente às 10h57min da presente data, não tendo sido a UFC notificada até o momento”, disse a nota naquele momento.
A UFC ainda defende a autonomia universitária e o direito de debater “acerca de fatos recentes de nossa história”.
Ação civíl pública acusa que disciplina fere Constituição Federal, quanto ao pluralismo de ideias no ensino. Aulas da disciplina começaram no início de março com turma lotada, críticas a Moro, Temer e Intervenção Federal no Rio.
Entenda
Conteúdo da disciplina especial é voltado ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Aulas são ministradas de forma colaborativa por vários docentes dos departamentos de História, Economia e Direito da UFC.
O anúncio da disciplina na instituição de ensino cearense ocorreu após a Universidade de Brasília (UnB) anunciar criação de disciplina similar no curso de Ciência Política.
O ministro da Educação Mendonça Filho chegou a dizer que lamentava que “uma instituição respeitada e importante como a UnB faça uso do espaço público para promoção de militância político-partidária ao criar este curso”, por meio de nota enviada ao jornal O Globo.
O POVO esteve na primeira aula e confirmou o interesse dos alunos. Eram dezenas sentados no chão do auditório no curso, no Centro de Humanidades. Os mais de 50 assentos estavam ocupados.
Outras instituições como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam), dentre outras, também passaram a ofertar a cadeira.
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O presidente Michel Temer retratado como um vampiro neoliberal. Foto: Marcos Serra Lima /G1