Curitiba recebe a 17ª Jornada de Agroecologia

Organizada por mais de 40 movimentos e entidades, o evento tem caráter itinerante e chega pela primeira vez na capital do PR

Da Página do MST

De 6 a 9 de junho, o centro de Curitiba recebe a 17ª edição da Jornada de Agroecologia, um dos maiores eventos dedicados à agroecologia no Brasil. O evento, criado em 2002, tem caráter itinerante e chega pela primeira vez na capital do estado.

A conferência de abertura será no teatro Guaíra, com a presença confirmada do teólogo Leonardo Boff e da artista Letícia Sabatella. Dezenas de seminários, oficinas, shows e atividades culturais também estão garantidas na programação e estão previstas para ocorrer na Reitoria e no Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Paralelo a isso, o pátio da Reitoria vai receber um “Túnel do tempo”, onde os estudantes do ensino fundamental e médio, vindos de assentamentos e acampamento do MST, vão apresentar a história da agricultura.

A Jornada é organizada por mais de 40 movimentos populares e entidades do Paraná, como o MST, a UFPR e a Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), além de entidades, como a organização Terra de Direitos e o Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria).

Experiências produtivas desenvolvidas a partir da agricultura familiar, dos assentados e acampados da reforma agrária, de comunidades quilombolas e coletivos de economia solidária estarão presentes na Jornada. De acordo com Roberto Baggio, dirigente do MST: “são essas experiências que apontam para uma proposta de agricultura diferente, desde o ponto de vista da economia e de uma produção sustentável, até a educação e a cultura”.

Para Baggio, esta edição ganha caráter histórico por ser realizada pela primeira vez em Curitiba, em parceria com universidades que pulsam a produção científica no estado. “Estaremos no centro da ciência e da capital que, junto com a Região Metropolitana, reúne cerca de 4 milhões de habitantes. Nossa intenção é apresentar a agroecologia à sociedade como um todo e também aprofundar o debate nos diversos ramos de pesquisa científica”.

Durante a Jornada, a população da capital e da Região Metropolitana poderá consumir alimentos agroecológicos que estarão à venda em uma feira na praça Santos Andrade. A estimativa dos organizadores é reunir cerca de 60 expositores. Junto à feira, haverá espaço para a “Culinária da Terra”, com barracas de pratos típicos da região sul do Brasil.

O que é agroecologia?

A agroecologia é um tipo de agricultura que tem como princípios a humanização e o caráter popular, por ser mais acessível e respeitar o conhecimento tradicional, agregando outros conceitos e tecnologias, conforme explica Ceres Hadich, da coordenação nacional do MST.

“É mais do que substituição de insumo ou de técnica, é parte de uma postura perante a vida. Para além da produção de alimentos saudáveis, queremos produzir outra forma de vida”, explica Hadich.

Ele reforça também o aspecto do respeito à natureza aos recursos naturais e aos seres humanos, com o olhar às gerações atuais e futuras. “As Jornadas são grandes escolas populares para os agricultores e para a sociedade em geral, pois multiplica a agroecologia como um modelo alternativo à monocultura e ao uso de agrotóxicos”.

Alto uso de veneno

Sobre o modelo produtivo do agronegócio e o uso de agrotóxicos, a contaminação dos alimentos é uma realidade confirmada pelo Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), divulgado em 2015.

Segundo a pesquisa, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos e 28% desses alimentos contém substâncias não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os impactos do consumo cotidiano de alimentos contaminados ainda não são mensurados de maneira completa, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano.

O Paraná é conhecido como estado forte no agronegócio, fato que o coloca na posição de terceiro maior consumidor de agrotóxicos do país. A cada ano, cerca de 96,1 milhões de quilos de agrotóxicos são utilizados no estado, de acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), de 2013. De todo o estado, a região de Cascavel é a que mais consome veneno na agricultura.

Nesse contexto, a Jornada pretende ser mais um instrumento de luta, organização da produção e diálogo com a sociedade sobre as contradições do modelo produtivo do agronegócio, apontando a agroecologia para construção de uma nova perspectiva alimentar.

Serviço:
17ª Jornada de Agroecologia

Data: de 6 a 9 de junho
Local: Reitoria e Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Praça Santos Andrade, no Centro da capital
Mais informações: www.jornadaagroecologia.com.br | facebook.com/jornadade.agroecologia

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