Tarefa da esquerda permanece a mesma: barrar o caráter predatório automático do capitalismo. Entrevista com Acauam Oliveira

Por Rafael Francisco Hiller, no IHU On-Line

Existe, em alguns setores da esquerda mundial, um apelo à reinvenção. Tal apelo não é algo recente, pelo contrário, perpassa toda a história de luta e desenvolvimento dos partidos de esquerda. “A tarefa da esquerda, que já foi a de projetar todo o futuro da sociedade global a partir de uma cadeira dançante, reduziu-se à necessidade de se esconder envergonhada para garantir o que comer na semana seguinte. Cada vez mais a resposta à pergunta clássica de Lenin sobre o que fazer parece ser uma só: respirar por aparelhos”, afirma Acauam Oliveira.

Talvez tenhamos que ter, assim como sugerido por Oliveira, na longa e pertinente entrevista publicada em Cadernos IHU ideias, publicado nesta semana, um olhar criterioso e desmistificado quanto aos erros e acertos da esquerda, tanto no Brasil quanto no mundo: “Se é verdade que fracassamos em alterar as condições globais de existência, é certo também que a esquerda tem sido altamente criativa na capacidade de apreender as novas dinâmicas sociais. Não só o marxismo se reinventa continuamente, como boa parte da melhor tradição crítica mundial relaciona-se em alguma medida com o pensamento de esquerda”.

Desta forma Oliveira afirma que a questão central não é propriamente pensar a “capacidade de reinvenção da esquerda, e sim em que medida essas correntes de pensamento são capazes de fazer frente ao processo de destruição global da vida”.

Acauam Oliveira, no Cadernos IHU Ideias número 274, ” afirma que, “a tragédia farsesca da esquerda brasileira está toda contida na imagem de Lula preso, e boa parte do seu futuro dependerá da maneira como ela irá lidar com o legado petista e, ao mesmo tempo, sustentar novas pautas que não têm mais lugar nesse modelo que, ao que tudo indica, se esgotou. A tarefa da esquerda, contudo, em certo sentido permanece a mesma: encontrar formas de barrar o caráter predatório automático do capitalismo que ameaça a totalidade da existência do planeta”.

Acauam Oliveira é graduado em Letras, mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo – USP. É professor da Universidade de Pernambuco – UPE, atuando na graduação em Letras e no mestrado profissional em Letras. Editor do site de crítica política e cultural CHIC Pop.

 

 A entrevista está organizada da seguinte forma:

1 – Apresentação

2 – IHU On-Line- Vive-se uma crise de representatividade? Qual o limite dos atuais partidos?

3 – IHU On-Line- Qual a situação da esquerda brasileira hoje? ela precisa se reinventar? Como?

4 – IHU On-Line- A esquerda consegue fazer a sua autocrítica?

5 – IHU On-Line – Escreveste, em um artigo, que não coadunas com a visão messiânica e o culto ao redor de Lula, e muito menos com as orientações sobre quais deveriam ser as respostas da esquerda diante da perseguição e dissolução do Partido dos Trabalhadores. Comenta esta afirmação, por favor.

6 – IHU On-Line – Como esquerda e direita lidam com a questão do racismo? E ao tratar de um tema como a violência, como as diferentes expressões políticas se comportam?

7 – IHU On-Line – O que sugeres, ao usar a expressão “esquerda Spotify” em seus textos?

8 – IHU On-Line – Progressistas e conservadores se unem em que mobilizações?

9 – IHU On-Line – Depois de 1964, estabeleceu-se um debate entre artistas da MPB e tropicalistas em relação ao golpe. A esquerda alude ao impeachment de Dilma Rousseff como sendo um golpe. Neste episódio recente e no mais antigo, como os artistas se posicionaram, de maneira geral?

10 – IHU On-Line – Por que apontar machismo, racismo e homofobia em Jair Bolsonaro funciona muito mais como propaganda do que como denúncia?

11 – Polêmicas anódinas

12 – IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Para acessar a entrevista: Clique aqui

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Guilherme Carvalho.

Protesto contra o assassinato de Marielle. Foto: equipe do vereador David Miranda na Cinelândia, centro do Rio. Reprodução: Twitter

 

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