M Facebook – 3 a 9 de julho, 2018

Por Natasha Bachini e João Feres Jr., Manchetômetro

Entre os dias 3 e 9 de julho de 2018, as 145 páginas que monitoramos publicaram 7.000 posts, que geraram 4.719.036 compartilhamentos. Excepcionalmente, as páginas que mais postaram nesta semana foram as de esquerda: Mídia Ninja (273 posts), Fora Temer (265 posts) e Conversa Afiada Oficial (247 posts).

Os 20 posts com maior número de compartilhamentos da semana (3/7/2018 a 9/7/2018), na tabela AQUI, concentram 18% do volume total de compartilhamentos alcançado pelas 145 páginas ao longo do período. O recurso mais usado nesses posts foi a foto (70%), seguida do vídeo (20%) e do link (10%).

O assunto mais comentado na semana foi a soltura de Lula, confirmando os dados de nosso estudo especial. Treze dos vinte posts do ranking trataram do caso, sendo dez assinados por páginas da nova direita e três pela página do próprio Lula. Dentre as páginas da nova direita, predominaram os memes do Vem Pra Rua, do Movimento Brasil Livre e de Juiz Sergio Moro – o Brasil está com você. Estes trazem a foto de Moro e o parabenizam por impedir a concessão do habeas corpus ao ex-presidente. Foram veiculados também memes do juiz Rogério Favreto, desqualificando-o como ex-filiado ao PT e inimigo do Brasil.

Em contrapartida, a página de Lula postou vídeos argumentando que seu processo foi uma farsa jurídica, defendendo a liberdade do ex-presidente e sua pré-candidatura. No quarto post, intitulado “Lula é candidato, sim!”, lideranças petistas e atores – Danny Glover, Rui Costa (PT-BA), Gleisi Hoffman (PT-PR), Lindenberg Farias (PT-RJ), Wellington Dias (PT-PI), Fernando Pimentel (PT-MG), Osmar Prado, Paulo Pimenta (PT-RS), Ronald Sorriso, Fernando Haddad (PT-SP), Tião Viana (PT-AC), Camilo Santana (PT-CE) e Jacques Wagner (PT-BA) – afirmam que “mesmo preso, Lula pode ser eleito e tomar posse” e que “o povo (o) quer, a lei permite e o Brasil precisa”.

No nono post, os juristas Celso Antonio Bandeira de Mello, Eugênio Aragão, Marcelo Nobre, Mortone Mont’Alverne, Alamiro Velludo Netto, Claudio Lembo, José Francisco Siqueira Neto e Weida Wananer denunciam que Lula foi “condenado totalmente sem provas”, “com base em presunções” e teve seu“direito de defesa cerceado”. Completam afirmando que “nem o mais comprometido anti-Lula é capaz de negar a parcialidade no seu julgamento”.

Os sete posts restantes são oriundos, em sua maioria, de outras páginas da nova direita, e dedicam-se ao tema da corrupção. Na quinta colocação, o Ranking dos Políticos afirma: “Aplaudir um político porque ele fez uma obra pública é o mesmo que aplaudir um caixa eletrônico quando ele lhe entrega o próprio dinheiro”. No sétimo post, Kim Kataguiri diz: “Torcer pela seleção na Copa do Mundo não te faz um idiota. Reeleger corrupto faz”. Tivemos ainda um post do Canal da Direita, que reproduziu o trecho do programa “Atualidades Pampa”, no qual o jornalista Gustavo Victorino revela que “em qualquer país decente, o sr. Gilmar Mendes estava [sic] preso”, e que “o Brasil já é um país socialista”. A solução apresentada pela página para tais problemas é o voto em Jair Bolsonaro. O Vem Pra Rua também criticou Gilmar Mendes em seu post, na 17ª colocação, defendendo seu impeachment.

Em resumo, observamos que com a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo e especialmente, a possibilidade de libertação de Lula, reaqueceu-se o debate político no Facebook. Os enquadramentos negativos ao PT e a Lula, que têm a corrupção como mote,  continuam rendendo maior volume de compartilhamentos. Entretanto, os posts das páginas da nova direita não alcançam o mesmo desempenho quando apresentam suas propostas. Do outro lado, a militância petista impulsiona os posts da página de Lula, denunciando o caráter político de sua prisão e defendendo sua candidatura, que segue na liderança das pesquisas de intenção de voto. Neste cenário, os tucanos, adversários históricos da estrela vermelha, permanecem à margem da disputa, tanto no Facebook quanto na corrida eleitoral.

Vejamos se com a oficialização das candidaturas e o início do período oficial de campanha, esses espaços serão preenchidos de maneira mais plural ou se os atuais primeiros colocados se manterão à frente na disputa pelo Plantalto. Cabe ainda o esforço de observar possíveis correlações entre ambas as esferas e verificar em que medida a atividade no Facebook vai colar na dinâmica eleitoral.

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