Reforma agrária parada abandona 150 mil famílias acampadas no Brasil

Kelli Mafort, integrante da coordenação nacional do MST, concedeu entrevista à Rádio Brasil de Fato

Mayara Paixão e Guilherme Henrique, no Brasil de Fato

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começou, nesta semana, a Jornada Nacional de Lutas por Terra, Reforma Agrária e Justiça. Estão sendo realizadas marchas e ocupações de propriedades improdutivas em diversas cidades do país. 

Para falar sobre a mobiliação, a Rádio Brasil de Fato conversou com Kelli Mafort, membro da coordenação nacional do MST.

Confira alguns trechos da entrevista:

Brasil de Fato – A jornada de lutas começou nesta segunda-feira. Qual o panorama até o momento?

Kelli Mafort – As mobilizações estão crescentes, estão previstas ações em todo o país. São manifestações legítimas dos trabalhadores rurais sem terra de vários movimentos, mas, especialmente, do MST; e essa jornada mostra a necessidade de se avançar na questão da reforma agrária.

Nós já temos no país 150 mil famílias acampadas e esse número é muito grave. Porque mostra uma estagnação na política de reforma agrária e no atendimento concreto na pauta dos trabalhadores, que chegam a ficar 10, 15, até 20 anos embaixo de lona lutando por um pedaço de chão, que é uma coisa que está prevista na Constituição brasileira.

Essa crítica do povo que quer terra para trabalhar e faz uma crítica a esse modelo de campo com uma agricultura voltada para a exportação. Em contradição, o trabalhador quer a terra para plantar, para construir escola, para construir posto de saúde e para poder fazer uma produção saudável.

Além da luta pela terra, a jornada tem tratado da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como se dá essa junção de pautas reivindicatórias?

A luta pela reforma agrária também passa pelo enfrentamento do golpe que ocorre em nosso país. São muitas as medidas contra o campo. Entre elas, está a tentativa de acabar com as políticas públicas criadas nos governos Dilma e Lula para a agricultura familiar.

O governo atual quer acabar com a luta pela reforma agrária, mas não vai conseguir, porque são muito as famílias que precisam da terra. Nós temos mais de três milhões de pessoas em situação de desemprego, o Brasil voltou pro mapa da fome, está entre os 10 países mais desiguais do mundo.

Então, a luta pela terra, a luta pela reforma agrária, pela moradia só tende a crescer. E é por isso que nós estamos firmes nessa jornada. De 10 a 15 de agosto nós vamos realizar uma grande marcha, uma marcha Lula Livre porque nós entendemos que parte do enfrentamento passa pela questão de libertar Lula, que hoje é um preso político.

Edição: Tayguara Ribeiro e Diego Sartorato.

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