Seminário sobre incidência política e eleições 2018 amplia esclarecimento para indígenas de 20 aldeias da terra Apinajé

Os indígenas manifestaram preocupação com os inúmeros candidatos que estão concorrendo às vagas na Câmara e no Senado Federal.

Por Cimi GOTO

Cerca de 96 indígenas de 20 aldeias da terra Apinajé estiveram reunidos nos dias 21 e 22 de setembro, no Seminário “Incidência Política e Eleições 2018”, realizado na Aldeia São José – município de Tocantinópolis, Norte de Tocantins. O evento,  organizado pelo povo Apinajé e o Conselho Indigenista Missionário – Regional Goiás/Tocantins, contou com a presença de caciques, lideranças, agentes de saúde e professores para ampliar o debate acerca do Processo Eleitoral em curso no país.

A juventude e as mulheres foram bem representadas no evento que pautou a posição política dos partidos sobre a questão indígena no Congresso, bem como sua posição em relação às reformas promovidas pelo governo Temer e suas consequências para os povos indígenas.

Os indígenas manifestaram preocupação com os inúmeros candidatos que estão concorrendo às vagas na Câmara e no Senado Federal. A preocupação é voltada, principalmente, porque a grande maioria são candidatos à reeleição, que apoiam o agronegócio, a Proposta de Emenda à Constituição n° 215, o Projeto de Lei 490, o Parecer 001 da Advocacia-Geral da União (AGU) e são defensores do Marco Temporal.

Os indígenas questionaram que esses partidos não tem foco no serviço do bem comum, e sim, dos próprios interesses, das empresas, dos bancos e das mineradoras que os financiam. Além disso, reiteraram os indígenas, esses partidos apoiam projeto político de desmonte dos direitos sociais que, vergonhosamente, tem transformado a política em um “balcão de negócios”, como afirmou o deputado Ivan Valente PSOL/SP, durante sessão na Câmara Federal.

Outra situação preocupante, citada no Seminário, foi a percepção de que a política se transformou em um “negócio de família”. O debate ressaltou essa situação se figura em todas as regiões do país. Segundo dados da ONG Transparência Brasil, apesar da renovação representar metade da Câmara Federal, 49% dos deputados federais têm parentes na política.

Nesse contexto, a liderança é predominante pelo Nordeste, que dos 151 deputados, 95 (63%) têm parentes políticos. Na região Norte, dos 65 deputados, 34 (52%) deles têm familiares na política; o Centro-Oeste não fica para atrás, do total de 41 deputados, 18 (44%), seguem a mesma lógica familiar. No Sudeste não é diferente, dos 179 deputados, 78 (44%) têm laços de parentesco na política. E no Sul, dos 77 deputados, 24 (31%) também há vínculos familiares.

Durante o seminário, foi destacado, ainda, que não se pode aceitar qualquer ação ou discurso que promova e incite o ódio, a violência, o racismo, a discriminação e o preconceito contra negros, indígenas, mulheres, pobres e contra qualquer outro grupo da sociedade. E que não se pode admitir a intolerância sob qualquer forma, e que é necessária à busca e a promoção da paz, da democracia e do estado de direito.

Por fim, como compromisso do Seminário, os participantes assumiram a responsabilidade de disseminar as informações, compartilhadas no evento, para outros indígenas do povo Apinajé que não puderam participar. O objetivo é ajudar no esclarecimento sobre quem votar no dia 7 de outubro, para que candidatos anti-indígenas não possam se eleger. Nesse sentido, Edmar Apinajé, destacou no encerramento do evento: “Não podemos, nem devemos votar nos inimigos dos povos indígenas”.

Foto: Lia de Paula/Agência Senado,

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