A Coordenação Executiva Nacional da CPT lamenta a morte do professor, historiador e companheiro da Pastoral da Terra, Sérgio Paulo Moreyra. Confira a Nota de Pesar:
Faleceu anteontem, 02 de outubro, o professor Sérgio Paulo Moreyra, 77 anos. Era historiador e foi um dos fundadores do curso de História da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde implantou uma nova metodologia de leitura da história goiana e brasileira, uma leitura a partir dos excluídos e excluídas. Foi também vice-reitor da mesma universidade.
De abril de 1999 a junho de 2000 atuou na Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Goiânia (GO). Também integrou a Comissão Nacional de Formação e foi um dos assessores do Curso Nacional de Formação, ambos na Pastoral.
Na Secretaria Nacional produziu uma síntese das diversas avaliações feitas por analistas externos sobre a CPT. Isso ajudou a formular, em 1999, as mudanças estruturais da Pastoral da Terra, quando se criou a Coordenação Nacional e se extinguiu a figura do Secretário Executivo. Essa síntese, ele também contribuiu na reformulação do processo de formação dos/as agentes da CPT.
Metódico e com aguçado espírito crítico, Sérgio Paulo se tornou um observador arguto dos fatos históricos.
Dele, diz o jornalista Euler de França Belém, seu ex-aluno:
“Era brilhante. Tinha pleno domínio dos fatos e uma capacidade analítica rara. Era um intérprete brilhante que, ao contrário de alguns, não esquecia a importância dos fatos. Ouvia as perguntas dos alunos atentamente e discutia-as com acuidade. Não era um pregador, como costuma ocorrer com determinados professores. Ensinava-nos a verificar as nuances de um fato, a examiná-lo de maneira detida e extrair dele o que parecia não conter. Mas frisava que não se deve forçar o fato para tornar uma interpretação possível. Toda interpretação exige que se force os fatos (o fato “fala” pela interpretação), mas há limites — o da verdade. Se o fato é forçado pela ideologia, por exemplo, fica, em geral, descaracterizado”.
Sérgio Paulo publicou pela Editora da UFG “Relações de Trabalho no Campo — o caso da escravidão por dívidas em Goiás” e “Vida Sertaneja: Aspirações Metropolitanas — alunos da Universidade de Coimbra nascidos em Goiás”.
O professor foi sepultado no dia 3, no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia.
Para Ivone, sua esposa, e aos filhos, a CPT manifesta, com carinho, seu pesar pela morte deste grande lutador que aliou um profundo espírito científico com uma aguerrida militância social em favor da justiça e da democracia.
Coordenação Executiva Nacional da CPT.
*Crédito Imagem: Reprodução – Faculdade de História da UFG