Agência de Inteligência Corporativa paga danos substanciais em processo de espionagem contra ativistas anti-amianto

A K2 intelligence limited concordou em pagar danos substanciais a cinco militantes proeminentes contra o amianto

Em Leigh Day*

A K2 intelligence limited concordou em pagar danos substanciais a cinco ativistas proeminentes contra o amianto; Laurie Kazan-Allen; Rory O’Neill; Krishnendu Mukherjee; Sugio Furuya e Harminder Bains em um caso contra K2 baseada em Mayfair, seu diretor executivo, Matteo Bigazzi, e Robert Moore.

Moore foi contratado e pago pelo K2 para trabalhar no “Project Spring” (PROJETO PRIMAVERA) e para se infiltrar e espionar a rede anti-amianto dos ativistas em benefício do cliente do K2. A rede é formada por eminentes ativistas anti-amianto cujas atividades, internacionalmente, estão voltadas para a prevenção de doenças relacionadas ao amianto. Em um documento intitulado “Relatório da Fase Um”, Moore articulou os objetivos iniciais do Projeto e definiu o plano para obter informações, afirmando que “eu gostaria de me envolver com o IBAS [Secretaria Internacional de Proibição de Amianto] e LKA [Laurie Kazan-Allen]. da maneira mais genuína e sincera possível, para que eu possa estabelecer uma conexão intelectual e emocional com a LKA ”.

Moore afirmou ser um documentarista que queria fazer um filme expondo os perigos do amianto e estabelecer uma instituição de caridade como “Stop Asbestos” (DETER O AMIANTO). Sob essa cobertura, Moore incorporou-se ao coração da rede e, de 2012 a 2016, obteve acesso a informações altamente confidenciais, valiosas para os clientes da K2. Suas atividades incluíam a gravação clandestina de discussões com defensores do banimento do amianto, incluindo os reclamantes, bem como palestras feitas em reuniões privadas. As faturas produzidas por Moore mostram que o K2 pagou a ele um total de £ 336.000 (1 milhão, seiscentos e doze mil e oitocentos reais) em honorários e £ 130.400 em despesas (seiscentos e trinta e seis mil e trezentos e cinquenta e dois reais); num total aproximado de 2, 250 milhões de reais.

Processos judiciais foram iniciados em outubro de 2016 por violação de confiança, uso indevido de informações privadas e violação da Lei de Proteção de Dados. Em outubro e novembro, o Supremo Tribunal concedeu liminares contra Moore e K2. Moore entregou mais de 35.000 documentos – 650 dos quais ele afirmou que foram passados ​​para a K2.

Em março de 2017, apesar de extenuante resistência, as identidades dos clientes da K2 foram reveladas como: Wetherby Select Ltd, uma holding nas Ilhas Virgens Britânicas; o lobista da indústria do amianto cazaque Nurlan Omarov; e Daniel Kunin, um cidadão dos EUA politicamente bem relacionado, também diretamente envolvido na indústria de amianto do Cazaquistão. Foi alegado que o objetivo do Projeto PRIMAVERA era obter informações sobre a campanha contra o amianto, seu financiamento e suas estratégias, particularmente em relação à proibição da importação e uso da crisotila (amianto branco) na Tailândia e no Vietnã. Foi alegado que, ao longo do projeto, o cliente da K2 fez várias solicitações de informações por meio de Matteo Bigazzi. Essas solicitações incluíam informações atualizadas país por país das conferências regionais de proibição do amianto e solicitações de informações sobre as expectativas dos ativistas de quando as proibições ao amianto seriam implementadas.

Richard Meeran, sócio da firma de advocacia Leigh Day, advogado dos requerentes, disse: “A extensão da intrusão na vida privada desses ativistas lança luz preocupante sobre as obscuras atividades da florescente indústria de inteligência corporativa”.

Laurie Kazan-Allen, fundadora e editora do British Asbestos Newsletter (BAN) e fundadora e coordenadora do Secretariado Internacional do Banimento do Amianto, disse: “A campanha global para banir o amianto é um movimento legítimo apoiado por um número incontável de vítimas do amianto, sindicalistas, ONGs, assessores jurídicos, médicos e técnicos. Este caso foi iniciado para expor as ações secretas para se infiltrar em nossa rede e visar aqueles que acreditam ser uma ameaça à indústria do amianto. Conseguimos nosso objetivo neste litígio. A indústria do amianto perderá a batalha para preservação dos mercados de amianto. Estamos ansiosos para um futuro sem amianto! ”

Krishnendu Mukherjee, advogado e defensor anti-amianto, disse: “Rob Moore espionou ativistas contra o amianto na Índia e em outros países asiáticos, onde o uso desse carcinógeno está aumentando rapidamente. Vamos deixar isso para trás e continuar nossa luta contra o amianto com vigor renovado ”.

O professor Rory O’Neill, conselheiro de saúde e segurança da confederação sindical global ITUC e editor da Hazards Magazine, afirmou: “A espionagem corporativa é apenas uma das ferramentas do arsenal do lobby do amianto. Há uma associação de cientistas sediados no Reino Unido que estão entre as armas secretas do setor de amianto, produzindo ciência comprometida na defesa de seus produtos. É enganosa, mortal e deve ser detida”.

Sugio Furuya, coordenador da Rede Asiática de Banimento de Amianto (ABAN), disse: “O espião enganou vergonhosamente pessoas dedicadas a evitar mortes desnecessárias devidas ao amianto na Ásia, o último reduto para a indústria internacional de amianto e o principal alvo da operação de espionagem. No entanto, posso confirmar, o trabalho continua e a Ásia está se movendo em direção à proibição do amianto ”.

Harminder Bains, sócia do escritório Leigh Day nas ações do amianto, disse: “As estratégias e táticas usadas por Moore foram elucidadas por este caso no Tribunal. Não devemos nos intimidar e continuar a divulgar e expor as mentiras da indústria do amianto ”.

As informações estavam corretas no momento da publicação. Veja os termos e condições para detalhes adicionais.

*Tradução: Fernanda Giannasi.

Imagem: À esquerda, Laurie Kazan-Allen (topo) e Linda Reinstein. Ao centro, Fernanda Giannasi, símbolo da luta antiamianto no Brasil, e Rob Moore, o espião contratado pela K2. De cima para baixo, Jules Kroll (presidente do Conselho), Jeremy Kroll (CEO) e Matteo Bigazzi, o diretor-executivo da K2, em Londres. Jules é o fundador da famosa Kroll Inc. Bigazzi também trabalhou na Kroll antes de ir para a K2 – Imagem: Reprodução Abrea

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