Para não perder médico cubano, Prefeitura do RS o convida para ser secretário

Da Redação Sul21

Na última quarta-feira (14), o Ministério da Saúde de Cuba anunciou que irá retirar os médicos do país que estão atuando no Brasil pelo Programa Mais Médicos em função de declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A decisão gerou preocupação entre os prefeitos brasileiros, especialmente aqueles que governam cidades de pequeno porte, onde os caribenhos muitas vezes são os únicos, ou único, médico da cidade. Para evitar tal perda, o prefeito da cidade de Chapada, localizada na região norte do Rio Grande do Sul, Carlos Alzenir Catto (PDT) tomou a decisão de convidar o médico Richel Colazzo para ser o secretário municipal de Saúde.

“Prefeito Municipal, Carlos Alzenir Catto, tomando conhecimento da Declaração emitida pelo Ministério da Saúde de Cuba, no dia de hoje, 14 de novembro – que solicita o retorno dos médicos ao seu país de origem – convidou o Dr. Richel Collazo, médico cubano atuando no Município de Chapada a assumir a Secretaria Municipal da Saúde, acreditando na capacidade e no profissionalismo já demonstrado pelo médico em nosso município”, diz nota publicada na página da Prefeitura no Facebook.

 

Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha na manhã desta sexta-feira (16), Catto disse que o convite foi feito a Colazzo, o único profissional do Mais Médicos em Chapada, pelo fato de ele ter sido muito bem recebido na cidade e ter a competência elogiada pelos moradores. “Nós colocamos esse convite no site da Prefeitura, praticamente 99% da comunidade aprovou e parabenizou essa iniciativa de convidar o Dr. Richel”, disse.

Catto afirmou ainda que a Prefeitura abriu recentemente um concurso para contratar um profissional em que era o oferecido um salário de cerca de R$ 11 mil, equivalente ao salário do prefeito, mas ninguém se inscreveu. “A falta de médicos é bastante intensa. Os médicos se formam e ou querem trabalhar na Capital ou nos grandes municípios”, disse. “Se tiver algum médico com interesse em trabalhar em Chapada, nós temos três vagas para 40 horas com salário de R$ 11 mil. Estou dizendo porque tem essa dificuldade e sei que os municípios vão ter essa dificuldade de preencher as vagas desses médicos que vão deixar de atender no Brasil”, afirmou. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Chapada tinha 9,6 mil habitantes em 2016.

A Secretaria é ocupada atualmente pela vereadora e técnica de Enfermagem, Loiva Mirna Gauer, mas Catto disse que ela está prestes a retornar a sua cadeira na Câmara local. Segundo o prefeito, o município ainda aguarda a resposta de Richel para o convite.

Imagem: O Mais Médicos é uma expressão da interiorização dos serviços de saúde. Foto: Karina Zambrana /ASCOM/MS

Comments (2)

  1. Esse é um problemas que não foi resolvido pelos últimos governos do Brasil. Não consigo entender como uma pessoa que estuda cinco anos e faz residência médica sem nenhum custo ou financiada pelo setor público e não está sujeita a ressarcir o Estado sob forma de prestação de serviços. Os médicos que se formam em escolas particulares, portanto pagando do seu bolso, seriam os únicos com direito a escolher onde trabalhar e com quem trabalhar.

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