Frei Henri vive! …e recebe Prêmio Nacional de Direitos Humanos

Em meio a uma confusão oportunista de (47!) nomes de entidades e pessoas indicadas às pressas por um governo moribundo, o frei Henri acabou sendo homenageado no último dia 21 de novembro, com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal   

por frei Xavier Plassat, da Campanha Nacional da CPT de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo

O  Henri  não  ficou  sozinho  em  duvidosa  companhia,  numa  lista  que  incluía  também  Déborah  Duprat,  o  senador  Randolfe Rodrigues,  Ronaldo  Fleury,  Raquel  Dodge,  entre  muitas  autoridades,  ao  lado  de  um  irrisório  número  de  agentes  do  movimento  social  (Mapulu  Kamayurá,  do  Xingu;  João  W.  Nery). O nome do Henri foi indicação da coordenação da Conatrae,  Comissão  Nacional  de  Erradicação  do  Trabalho  Escravo,  e  serviu  para  contornar  a  exclusão  da  categoria  “Combate  ao  trabalho  escravo”  na  lista  oficial  das  categorias  de  prêmios  publicada  pelo  Ministério  de  Direitos  Humanos. 

Pela CPT e pela Ordem dos Dominicanos, fui receber o diploma do Henri, quase na data do aniversário  da  páscoa  do  valente  Frei.  O sonho do Henri de descansar em terra brasileira já foi concretizado com a acolhida de suas cinzas no Acampamento do   MST que leva seu nome, em Curionópolis, no interior do Pará.

Os demais sonhos do Henri, ainda nos resta concretizar…

“Meu  sonho… Eu  sonho  que  os  bens  da  natureza,  terra,  florestas,  biodiversidade,  córregos,  rios,  água,  cessem  de  se  ser  tratadas  como  mercadorias.

Eu  sonho  que  a  violência  cega  do  agronegócio  e  de  seus  agrotóxicos,  em   nome  do  lucro  a  todo  custo,  seja  realmente  neutralizada  antes  que  provoque  uma  tragédia  humana.

Eu  sonho  com  Igrejas  inspiradas  pelo  Espírito,  fieis  ao  evangelho  de  Jesus  de  Nazaré,  libres  face  às  forças  do  poder  do  dinheiro,  a  serviço  dos  pobres,  corajosas,  sem  medo  de  denunciar  as  injustiças.

Eu  sonho  que  a  reforma  agrária  seja  feita  com  justa  distribuição  das  terras  e  que  se  desenvolva  a  agricultura  familiar,  ecológica  e  sustentável.

Mas  eu  sonho  com  os  dois  milhões  de  seres  humanos  que  morrem  de  fome,  os  milhões  de  crianças  de  rua  que  são  assassinados  a  cada  dia,  os  milhares  de  famílias  que  são  cotidianamente  expulsas  de  suas  casas  e  de  suas  terras.

Eu  sonho  que,  quando  morrer,  eu  seja  enterrado  no  meio  deles,  no  ‘meu  acampamento’,  e  que,  ao  passarem,  as  crianças  possam  dizer:  ‘Este  é  o  túmulo  daquele  frei  Henri  que  lutava  conosco  pelo  nosso  direito  à  terra’.

In:  Meu  Sonho   (Frei  Henri  Burin  des  Roziers,  2014).

foto: Conatrae

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