“Essa é uma discussão colocada o tempo todo, e nós ficamos satisfeitos com a oferta do presidente Bolsonaro. Isso é algo que nós estamos desejando muitíssimo”, disse o secretário de Estado Mike Pompeo, em entrevista à jornalista Eliane Cantanhêde; na entrevista, Pompeo também disse que o Brasil deve se colocar contra “práticas predatórias” da China – o maior parceiro comercial do País; generais brasileiros, no entanto, são contra a base militar dos EUA
No Brasil 247
O secretário de Estado Mike Pompeo disse à jornalista Eliane Cantanhêde, em entrevista publicada no jornal Estado de S. Paulo, que os Estados Unidos estão felizes com a promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro – contra a vontade dos generais brasileiros – de instalação de uma base militar dos Estados Unidos em território nacional. “Nós ficamos satisfeitos”, disse ele.
“Essa é uma discussão colocada o tempo todo, e nós ficamos satisfeitos com a oferta do presidente Bolsonaro. Eu estou confiante de que vamos continuar as discussões sobre todo um conjunto de temas com o Brasil, enquanto o novo governo vai colocando seus pés no chão. Isso é algo que nós estamos desejando muitíssimo”, afirmou Pompeo, que também falou sobre a base de Alcântara. “Nós temos muito interesse nessa questão e o Departamento de Estado está negociando esse acordo de salvaguardas tecnológicas com o Brasil, que liberará licenças para lançamentos de veículos espaciais e satélites dos EUA a partir da Base de Alcântara. Estou muito esperançoso de que iremos progredir também nesse tema.”
Pompeo também disse que o Brasil deve se colocar contra “práticas predatórias” da China – o maior parceiro comercial do País. “Nós chegamos a uma posição inquestionável de que a China não pode ser liberada para se engajar numa atividade econômica predatória ao redor do mundo. Isso não é do interesse de ninguém. Onde a China se apresenta, no Brasil, Chile, Equador ou qualquer parte, tem de haver competição, transparência e liberdade, então, se é bom para eles, isso é ótimo, companhias vêm de todos os lugares do mundo e competem e companhias americanas competem contra negócios chineses. Mas eles não podem ter permissão para se apresentar nos países e se engajar em práticas que não são abertas, transparentes, de forma a obter benefícios políticos usando esses fatores comerciais”.
Ele também disse que Nicolás Maduro não deve ser autorizado a assumir mais um mandato, porque a eleição por lá não teria sido justo – sobre a eleição brasileira, em que o líder nas pesquisas, Lula, foi arrancado do processo por meio de uma condenação contestada por juristas do mundo todo, ele não disse uma palavra.
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Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre a restrição dos generais brasileiros à base militar dos EUA:
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Repercutiu mal entre os militares a sinalização do presidente Jair Bolsonaro sobre a possível instalação de uma base militar norte-americana no território brasileiro, e as Forças Armadas são contra essa possibilidade, disse à Reuters uma alta fonte militar neste sábado.
A posição de Bolsonaro desagrada os militares, entre outras questões, por levantar discussões sobre a soberania nacional, de acordo com a fonte, que falou sob condição de anonimato.
“As Forças Armadas não concordam com isso”, afirmou a fonte. “Temos que ver o que realmente o presidente falou sobre isso, mas os militares são contra”.
A sinalização feita por Bolsonaro em entrevista ao SBT na quinta-feira foi mais uma demonstração do presidente da vontade de aumentar a aproximação do Brasil com os Estados Unidos.
Bolsonaro não esconde sua admiração pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e o governo brasileiro espera a confirmação de uma visita de Bolsonaro aos EUA dentro dos próximos meses.
Na entrevista ao SBT, Bolsonaro afirmou que sua aproximação com os EUA é “uma questão econômica, mas pode ser bélica também”, e disse, ao ser indagado sobre a possibilidade de instalação de uma base militar norte-americana em solo brasileiro, que “a questão física pode ser até simbólica”.
O novo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, confirmou a abertura de Bolsonaro a uma possível base dos EUA em entrevista a repórteres em Lima, na sexta-feira, após encontro de chanceleres da região sobre a crise atravessada pela Venezuela.
Segundo Araújo, Bolsonaro pode discutir a questão com Trump durante visita a Washington esperada para março, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
O Ministério da Defesa informou neste sábado à Reuters que Bolsonaro ainda não tratou do tema com o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.
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Em viagem aos Estados Unidos da América, EUA, Bolsonaro presta continência à bandeira americana e puxa coro de “USA, USA, USA!”. Outubro de 2017. Imagem captada de vídeo