Associação de Docentes da universidade criticou possível porta de entrada para intervenções das Forças Armadas na instituição
Paula Ferreira, O Globo
A Universidade Federal Fluminense (UFF) decidiu, nesta segunda-feira, cancelar a portaria que instituiu uma assessoria ao gabinete do reitor ligada ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas. Na semana passada, a UFF havia criado a nova estrutura que, segundo a universidade, serviria para facilitar parcerias entre a universidade e as Forças para o desenvolvimento de conhecimento científico e tecnológico. A medida, no entanto, enfrentou forte reação da comunidade acadêmica e foi revogada em uma nova portaria na segunda-feira.
De acordo com a Associação de Docentes da UFF (Aduff), a assessoria criada pelo reitor poderia servir como porta de entrada para intervenções mais significativas das Forças Armadas na instituição. Após a publicação da medida, a Associação se reuniu com o reitor, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, e pediu que a portaria fosse revogada.
Segundo a Aduff, a normativa que criava a assessoria gerou reações entre docentes, técnicos e estudantes “ao ser deliberada sem qualquer debate ou consulta à comunidade acadêmica em momento em que setores conservadores ganham espaço na cena política nacional”.
Em um comunicado publicado pela UFF após a criação da assessoria militar, o reitor afirmava que a medida era uma maneira de “aproximar relações e institucionalizar as trocas históricas” entre as duas instituições. De acordo com a universidade, há parcerias na área de telecomunicações, saúde, energias sustentáveis, entre outras.
Na opinião dos professores da Aduff, no entanto, a medida não se justificava apenas por isso, já que seria possível pelo trâmite da universidade instituir, por exemplo, uma comissão temporária para acompanhar as parcerias.
—
Imagem: Fachada da UFF – Foto: Reprodução
