Ufes demite professor acusado de racismo

Decisão foi publicada sexta-feira (15) no Diário Oficial da União

Por Redação Jornal A Tribuna

O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Manoel Luiz Malagutti Barcellos Pancinha, acusado de racismo em 2014, foi demitido.

A decisão foi publicada sexta-feira (15) no Diário Oficial da União pelo Ministério da Educação.

A justificativa para a demissão é “incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição”, prevista no Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União.

Relembre o caso:

O professor Manoel Luiz Malagutti Barcellos Pancinha foi criticado em redes sociais após alunos do segundo período de Ciências Sociais o acusarem de ter dito que “detestaria se consultar com um médico ou advogado negro” —o caso ganhou repercussão na internet. Ele, porém, negou que tenha feito uma afirmação racista.

O professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) afirmou que foi mal interpretado quando fazia um discurso contra  a forma de implementação das cotas.

“A discussão continuou quase por uma hora depois que disse isso e metade da turma saiu. Os que saíram antes, por falta de maturidade ou por ingenuidade, interpretaram o que eu falei como uma ofensa, quando, na verdade, eu os estava defendendo. Fui mal interpretado por eles.”

Segundo ele, a fala estava inserida em uma discussão sobre cotas em uma aula na segunda-feira, para alunos do 2º período. Ele teria defendido queas cotas trouxeram queda na qualidade do ensino, pois os alunos teriam “deficiências” na formação educacional.

“Chamei atenção que as cotas criam um problema grande para a universidade. Os cotistas são pessoas frágeis, as famílias não puderam lhes dar as mesmas condições de uma família de classe média. A gente acaba enfrentando o problema, que se reflete numa diminuição da profundidade em que podemos tratar os assuntos de aula.”

Ele afirmou que as políticas de assistência da universidade não suprem as dificuldades dos alunos. “Muitos deles saem de longe, andam uma hora, duas horas. Teriam de ter apoio alimentar superior que o fornecido no restaurante, em local de descanso. Teria de ter mais condições para que as cotas reflitam algo positivo. Hoje, na minha opinião, não refletem.”

Em nota, a Ufes afirmou que repudia qualquer forma de manifestação racista na universidade. A instituição também afirmou que quatro mil alunos cotistas recebem assistência estudantil, num investimento de R$ 14 milhões por ano, distribuídos em 18 programas, com auxílio para transporte, alimentação, moradia e outros.

Imagem: Manoel Luiz Malagutti Barcellos – Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta – 04/11/2014

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