Pedro Calvi, CDHM
O capixaba Helder Salomão (PT) foi eleito nesta quinta-feira (14) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). O parlamentar tem 55 anos, está no segundo mandato de deputado federal e começou a atuação política nas comunidades eclesiais de base da igreja católica.
“Em um momento de muitas ameaças aos direitos humanos no Brasil, vamos manter as portas da comissão abertas para receber as demandas da sociedade, com um posicionamento firme, corajoso e rápido. Queremos atuar de maneira muito objetiva para garantir os direitos das mulheres, da juventude, dos negros, dos povos indígenas, dos quilombolas e da comunidade LGBT, por exemplo”, afirmou Helder.
O novo presidente da CDHM é formado em filosofia pela PUC de Minas Gerais e professor das redes municipal e estadual de ensino, em Cariacica (ES). Na mesma cidade foi vereador em 1992. Em 2002, foi eleito deputado estadual e em 2004, prefeito de Cariacica e reeleito em 2008.
Depois da prefeitura, assumiu a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Espírito Santo até março de 2014. No mesmo ano, foi eleito deputado federal para o primeiro mandato.
Reforma da Previdência
Helder Campos adiantou que uma das pautas da CDHM será a reforma da Previdência.
“Vamos debater a reforma da previdência que, ao nosso ver, traz prejuízos e retrocessos que atentam à direitos adquiridos e que fere um princípio fundamental, que é a preservação da vida. Muitos brasileiros serão extremamente prejudicados se essa reforma for aprovada da forma que foi apresentada pelo governo”, pondera.
Apoio
A primeira mulher indígena eleita deputada federal, Joenia Wapichana (Rede/RR), ressaltou que a questão indígena, levantada pelo novo presidente, deve ser uma prioridade.
“ A Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos em 2018, mas temos muito que avançar aqui no Brasil, temos gargalos na garantia de direitos, independente de sexo, raça, gênero ou etnia. Estarei junto da comissão para trazer para o debate representantes dos índios brasileiros, alertar e chamar a atenção para as necessidades dos povos indígenas e para qualquer iniciativa que venha contra esses os direitos humanos desses povos”, reitera Joenia.
Camilo Capiberibe (PSB/AP), confirmou apoio ao presidente eleito.
“A pauta da comissão vem de encontro às minhas ideias. Temos que debater o esvaziamento da Funai, seu papel institucional na demarcação das terras indígenas, de tirar do Ministério da Justiça o papel de combater a invasão dessas terras, assim como a regularização fundiária das terras dos quilombolas. E a reforma da Previdência, que ataca o interesse de grande parte da população da Amazônia, como os ribeirinhos e pescadores artesanais”, explica o parlamentar.
Tulio Gadêlha (PDT/PE) também se manifestou.
“Precisamos tratar da pauta dos direitos humanos com muita seriedade, principalmente nesse momento em que vivemos retrocessos. Pode contar conosco para fazer justiça social no país, com consciência e olhar coletivo”, diz Gadêlha.
Pastor Marco Feliciano (PODE/SP) que foi presidente da CDHM em 2013, deseja ao novo presidente “ um ano de condução plena, de paz e de parcimônia. Para ele, “o viés ideológico não pode ser extremo, tanto de um lado como de outro, que todos nós nos unamos nesse colegiado e façamos isso de bom coração”, pondera o deputado.
Para Eli Borges (Solidariedade/TO) é preciso fazer o bom debate.
“Sou do combate respeitoso, parceiro e firme. Compreendi a visão de equilíbrio do novo presidente e acho que não se constrói uma plataforma propositiva com radicalismos”, diz Eli.
Marielle Franco e Suzano
A eleição foi aberta com minuto de silêncio em homenagem aos oito mortos em tiroteio em uma escola estadual, nessa quarta-feira (13), em Suzano (SP).
“Precisamos debater formas para evitar que crianças e jovens percam suas vidas em ataques como o da escola em Suzano, não é incentivando o uso de armas e a cultura do ódio que vamos ter paz e segurança”, coloca o deputado Carlos Veras (PT/PE).
“Hoje faz um ano do assassinato da vereadora de Marielle Franco. Tentaram silenciar Marielle, mas seguiremos firmes na luta, na resistência, na continuidade do que ela fez e sobretudo, na busca por justiça para ela e tantos mais. Assim como esse crime, outros contra lutadores de causas sociais, como Margarida Alves e Chico Mendes continuam impunes. Nossa homenagem a eles e às famílias dos mortos em Suzano”, conclui Helder Salomão.
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Imagem: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados