Por Jamil Chade, em seu blog
GENEBRA – O relator da ONU para a Promoção da Verdade, Justiça e Reparação, Fabián Salvioli, considera que a decisão do Palácio do Planalto de divulgar um vídeo que defende o golpe de estado de 1964 é “um retrocesso inaceitável”.
Neste domingo, os canais oficiais do Palácio do Planalto distribuíram um vídeo que justifica a tomada de poder pelos militares. “O Exército nos salvou”, diz o narrador do vídeo. “O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história”, insiste.
Neste domingo, o golpe de estado completa 55 anos. Mas, além de recomendar que a fosse comemorada nos quartéis, a Presidência também enviou sua mensagem, por meio do vídeo (abaixo).
Para Salvioli, o gesto adotado pela presidência é ainda “uma ofensa contra as vítimas que ainda não foram reparadas”.
Na sexta-feira, a relatoria da ONU já tinha pedido que Jair Bolsonaro reconsiderasse sua recomendação de realizar uma “comemoração adequada” do golpe militar, ocorrido contra a democracia brasileira em 1964.
Salvioli não poupou críticas ao governo. Num raro gesto, ele chegou a qualificar a iniciativa do presidente de “imoral”. “O Brasil deve reconsiderar planos para comemorar o aniversário de um golpe militar que resultou em graves violações de direitos humanos por duas décadas”, disse o comunicado da relatoria da ONU.
Por telefone, Salvioli confirmou ao blog que enviou uma carta ao governo brasileiro, solicitando que a comemoração fosse reconsiderada. Mas sequer recebeu uma resposta.
Ele ainda indicou que, ao comemorar o golpe, o Brasil está violando seus próprios compromissos internacionais na esfera dos direitos humanos.
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A excrescência pode ser vista abaixo:
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Protesto no Parque da Redenção, Porto Alegre. Foto: Sul21