Secretário de Assuntos Fundiários e deputada do PSL empregaram irmãos em dobradinha

Responsável por conflitos de terra no Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia ofereceu vaga no Incra a irmão de Carla Zambelli; coincidentemente, ela abrigava em seu gabinete Maurício Nabhan Garcia, irmão do fundador da UDR

De Olho nos Ruralistas

A revista Forum repercutiu neste sábado uma troca de acusações entre duas deputadas do PSL paulista: a líder do governo na Câmara, Joice Hasselman, acusou Carla Zambelli de praticar “nepotismo cruzado” ao empregar em seu gabinete Maurício Nabhan Garcia, irmão do secretário de Assuntos Fundiários do Ministério de Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia, com um salário de R$ 8.722,66.

Presidente por muitos anos da União Democrática Ruralista (UDR), o homem de confiança da ministra Tereza Cristina nomeou Bruno Zambelli Salgado para uma vaga no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ele é irmão da deputada. “Desde o começo do meu mandato contratei Maurício Nabhan para tocar os assuntos do agro e atender a região de Ourinhos a Barretos”, escreveu Carla Zambelli no Twitter.

SECRETÁRIO TEM TRAJETÓRIA ASSOCIADA À VIOLÊNCIA

Luiz Antônio Nabhan Garcia motivou reportagem do De Olho nos Ruralistas em fevereiro: “Milícias e fuzis: as más companhias de Nabhan Garcia, o homem de Bolsonaro para a reforma agrária“.

Confira o início do texto:

“Em julho de 2003, um grupo de fazendeiros do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, resolveu posar para o Jornal Nacional com armas em punho. Eles anunciavam a formação de um ‘centro de treinamentos’ onde se preparavam para resistir às ações do MST. Lula havia chegado ao poder – e, com ele, crescia o temor de uma reforma agrária. O objetivo era apresentar poderio paramilitar para intimidar os camponeses, com armas proibidas no Brasil ou de uso restrito às Forças Armadas.

Segundo investigações da polícia e da CPI da Terra, de 2005, os milicianos rurais eram ligados a Luiz Antônio Nabhan Garcia, fazendeiro da região e presidente da UDR, a União Democrática Ruralista. Hoje, ele é secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura – em outras palavras, o responsável demarcações de terras e a reforma agrária.

Assim que assumiu o cargo, Nabhan seguiu a cartilha do governo e chamou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, de ‘organização criminosa‘. Diz que não negociará com os sem-terra. E defendeu a revisão dos assentamentos de 350 mil famílias nas últimas três décadas e o fim das escolas rurais do movimento, responsáveis pelo ensino a 200 mil crianças e adolescentes. ‘Fabriquinhas de ditadores’, classificou.”

Carla Zambelli foi uma das líderes do movimento Nas Ruas, que tinha o combate à corrupção como um de seus mantras contra o governo da petista Dilma Rousseff. A deputada disse no Twitter que seu irmão Bruno pediu ontem exoneração da vaga no Incra.

Carla está entre os 257 integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que se renovou justamente com a adesão em massa de deputados do PSL.

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