Por Natasha Bachini e João Feres Jr, Manchetômetro
Entre os dias 27 de maio e 2 de junho de 2019, as 158 páginas que monitoramos publicaram 7.923 posts, que geraram 4.215.760 compartilhamentos. As páginas que mais postaram nessa semana foram: O Globo (400 posts), Veja (393 posts) e UOL (392 posts).
Os 20 posts da tabela AQUI concentram 11% dos compartilhamentos obtidos pelas 158 páginas ao longo do período. Os recursos mais frequentes nos posts foram o vídeo (50%), seguido de link (40%), foto (5%) e texto (5%).
O presidente Jair Bolsonaro segue liderando os compartilhamentos no Facebook. Nesta semana, sete posts seus alcançaram o ranking. Estes trataram de diversos assuntos. O post mais compartilhado da semana informou sobre a redução de 6% no Diesel e 7,2% no preço da gasolina.
A rede foi usada também para comunicar: a apresentação do projeto de lei que pretende aumentar a validade da Carteira de Habilitação e o limite de pontos para perdê-la (dos atuais 20 para 40) e do projeto de titularização das terras aos assentados; o investimento de empresas Scania, Hunday, GM, Carrefour e Honda no país; os resultados positivos da visita à China (embora não tenha dito quais); a mudança da Coaf para o ministério da Economia; a extensão da vacinação contra a gripe para toda a população e do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde; sua dúvida sobre o projeto que cessaria a cobrança de bagagens e, como de costume, a partir deste último, alfinetar o Partido dos Trabalhadores, falando que seus políticos “gostam de pobre” e são “socialistas, comunistas e estatizantes”, como se tais adjetivos fossem impropérios.
Além disso, no segundo post mais compartilhado da semana, Bolsonaro recortou um trecho de sua participação em evento da igreja Assembleia de Deus. Ao comentar sobre a criminalização da homofobia pelo Supremo Tribunal Federal, afirmou: “O Estado é laico, mas eu sou cristão, terrivelmente cristão”, e completou: “Será que não está na hora de termos um ministro evangélico?”.
Muito próximo aos artistas do SBT, o presidente ainda anunciou sua participação no programa de Danilo Gentili e divulgou a visita do apresentador Carlos Alberto de Nóbrega ao Planalto.
Os grupos da direita se aproveitaram da provocação de Ciro Gomes (PDT) à Maria do Rosário (PT-RS) no 1º Congresso Nacional dos Policiais Antifascismo para tripudiar sobre a esquerda. O Ranking dos Políticos e Kim Kataguiri (DEM-SP) ironizaram em suas páginas o trecho no qual Ciro afirma que “Bolsonaro se elegeu por erro da esquerda” e que foi uma “loucura do PT lançar Haddad (PT) para presidente” depois “do fiasco da última eleição em São Paulo”.
Atacou a esquerda também o filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSL-SP), que publicou dois vídeos de depredação de patrimônio público supostamente ocorridos durante às manifestações pró-Educação. Em contrapartida, fotos verídicas das manifestações, que levaram milhares às ruas de todo o país, viralizaram a partir das páginas de Guilherme Boulos (PSOL) e do Estadão.
Outros dois posts de páginas de esquerda compõem a lista desta semana. Na oitava posição, a página Falando Verdades denunciou, a partir da fala do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que Rodrigo Maia (DEM) e Onyx Lorenzoni, defendem a reforma da Previdência, mas não abrem mão da aposentadoria especial. Na décima segunda posição, Lula noticiou que apesar de sua condenação no processo do sítio de Atibaia, os procuradores da Lava Jato de Curitiba reconheceram o direito do real dono do sítio, o empresário Fernando Bittar, de vender a propriedade, o que evidencia a contradição do Tribunal e é favorável à sua defesa.
Por fim, tivemos quatro matérias da imprensa no ranking. Estas trataram da tentativa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) de suspender na Justiça a quebra dos sigilo bancário e fiscal de 86 pessoas e nove empresas investigadas no inquérito que apura supostas irregularidades cometidas em seu gabinete entre 2007 e 2018, quando ele era deputado estadual; da determinação da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo de bloquear até R$ 128 milhões do deputado federal Aécio Neves, no âmbito de investigações em torno de supostas propinas do Grupo J&F; e da iniciativa dos vereadores de Arcos -MG, que reduziram seus salários de R$ 6 mil para R$ 1.200.
Em resumo, observamos que o governo se utiliza da rede ampliar sua popularidade, seja por meio de projetos e medidas sociais, seja pelo endosso do discurso conservador ou ainda pela associação a celebridades. Seus apoiadores seguem no enfrentamento direito à oposição, aproveitando-se das divergências internas da esquerda e veiculando fake news. O outro lado do espectro político reage, publicizando a dimensão de seus protestos e denunciando as contradições do governo. E nesse contexto, a grande imprensa segue garantindo sua audiência na rede tal como no modo impresso, pelos escândalos de corrupção.