“É um dia de luta de toda classe trabalhadora”

Gilmar Mauro, da direção Nacional do MST fala sobre as mobilizações desta sexta-feira (14)

Por Maura Silva, na Página do MST 

Nesta sexta-fera (14) movimentos populares, centrais sindicais e categorias profissionais de todo país participam da Greve Geral. 

E enquanto leva adiante medidas impopulares, Jair Bolsonaro vê a economia desabar com as políticas ultraliberais de Paulo Guedes, acompanhada da deterioração de seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, diante disso, a greve, que é um direito constitucional legítimo, será realizada contra Reforma da Previdência, mas também ganha outros contornos. 

Para falar sobre esse cenário conversamos com Gilmar Maura, da direção nacional do MST. 

Acompanhe: 

Qual a importância da mobilização do campo popular para barrar a reforma da Previdência?

A derrota da Reforma da Previdência passa pela luta de massas, não tem outra alternativa, só o povo organizado é capaz de derrotar as contra-reformas propostas pelo governo Bolsonaro. É importante destacar sempre papel do capital financeiro e da mídia burguesa. Nesse cenário, a capacidade de mobilização que foram mostradas no dia 15 e 30 foram de suma importância. E, nesta sexta-feira, a capacidade de mobilização do povo brasileiro vai ser um indicativo do tamanho da resistência das organizações do campo popular para enfrentar esse período.

Essas mobilizações ganham novo peso após as recentes revelações de envolvimento ilícito entre Moro e Dallagnol da prisão do ex-presidente Lula?

A verdade começa a vir à tona, bem como toda a trama que foi realizada para realização do golpe. Estamos prestes a desmascarar toda a farsa [Moro – Dallagnol]. Diante disso, evidentemente que se colocou no centro do debate político a liberdade do ex-presidente Lula. Essa é uma pauta que vai vir à tona no dia 14, sem nenhum dúvida. A diferença é que agora de forma maciça por todos os setores, inclusive aqueles que estavam titubeado em relação a isso.

Se tivermos a capacidade, eu acredito que teremos, de fazer grandes mobilizações, sem dúvida nenhuma, alteraremos a correlação de forças. Agora é necessário não criar ilusões porque evidentemente nós não podemos cair na análise rasa que de – alguma forma – em geral os setores populares acabaram fazendo de que a as classes dominantes não tinham forças para depor a Dilma, para prender o Lula e para dar o golpe, eles demonstraram essa capacidade, evidentemente que isso está sendo derrotado, entretanto, é muito importante ficarmos alertas para realizarmos mobilizações que vão além do dia 14. O clima está bom, está surgindo uma espécie de ascenso de massas no nosso pais que nós devemos dar continuidade para derrotar o golpe como um todo.

E quanto a atuação do MST nas mobilizações do dia 14, de que maneira a resistência poderá ser observada nas mobilizações?

O MST como parte da classe trabalhadora do campo popular se envolverá de diferentes maneiras. Tanto com participação massiva nos atos e nas greves, quanto em ações no campo. É importante destacar que estamos conclamando todos os assentados e acampados, o campesinato de forma geral vai se mobilizar. É um dia de luta de toda classe trabalhadora que será a mais atingida caso as reformas venham a cabo. Por isso, o MST estará presente de forma massiva nas mobilizações do dia 14 e em todas as próximas que serão convocadas para derrotar o golpe, as reformas e para tirar o Lula da cadeia.

Alguns veículos têm divulgado que o campo popular recuou no que diz respeito as atuações e a própria oposição direta ao governo Bolsonaro. Podemos afirmar que dia 14 será um termômetro disso?

Muitos setores da classe trabalhadora, em especial, nós do MST nos envolvemos em muitas lutas desde 2014. Nós estamos quase todos os meses nas ruas participando do processo de mobilizações contra Reforma Trabalhista e da Previdência, no processo eleitoral e nas lutas no povo brasileiro de forma geral. Agora, evidentemente que nós sofremos uma derrota fruto do golpe que levou muitos setores a recuarem, mas não recuar nos sentido de virar as costas e ir para casa, recuar no sentido de angariar forças e reestruturar as ações e, na minha opinião, é isso o que estamos fazendo nesse momento.

Esse ano já aconteceram várias mobilizações que foram balizadores do conjunto da classe trabalhadora, e isso é o mais importante. Não adianta uma única organização querer fazer tudo sozinha é preciso construir uma unidade. E essa unidade está sendo tecida entorno de um projeto político para o país, com todos os setores do movimento sindical, do movimento popular e das mais variadas frentes populares do Brasil que se juntam na conclamação para as mobilizações da Greve Geral. É assim que vamos conseguir alterar a correlação de forças. Estamos caminhando a passos seguros, e o processo de lutas tende a se intensificar daqui por diante país. E é isso que vai unir todos os setores da classe trabalhadora cada vez mais.

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