Bolsonaro: ‘O homem do campo não pode se apavorar com a fiscalização do Ibama”

Por: Sabrina Rodrigues, em O Eco

Em encontro com lideranças empresariais na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na noite desta terça-feira (11), em São Paulo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu a atuação dos seus ministros, entre eles, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e aproveitou para criticar o Ibama e comemorar a diminuição expressiva de multas ambientais no campo no primeiro bimestre.

“Ricardo Salles é o homem que está no lugar certo”, disse Bolsonaro. “Os produtores rurais cada vez mais têm menos medo do Ibama. Eu paguei uma missão para ele: Mete a foice em todo mundo. Não quero xiita ocupando esses cargos, tem gente boa lá, tem, mas o homem do campo não pode se apavorar com a fiscalização e a fiscalização é no primeiro momento, advertir, caso persista no erro, aí tudo bem”, disse.

O presidente também comemorou a diminuição no número das multas ambientais. Nos primeiros dois primeiros meses de 2019, o Ibama fez 1.139 autuações, 441 a menos do que no mesmo período do ano passado. “Não precisa dizer que no primeiro bimestre deste ano, tivemos o menor percentual de multas no campo e vão continuar diminuindo. Vamos acabar com esta indústria da multa no campo”.

A missão que Bolsonaro impôs ao Ricardo Salles está sendo cumprida. Não apenas as operações do Ibama estão diminuindo como em abril o ministro instituiu a criação de “núcleos de conciliação” para apurar a aplicação de multas ambientais. Os núcleos, criados pelo decreto nº 9.760, obriga que as infrações ambientais sejam analisadas previamente por um “Núcleo de Conciliação Ambiental”. Isto significa que, antes mesmo de qualquer defesa do autuado, os núcleos de conciliação poderão analisar a multa para confirmá-la, ajustá-la ou anulá-la, caso se entenda que houve alguma irregularidade, após pronunciamento da Procuradoria-Geral Federal.

No discurso para a Fiesp, o presidente afirmou que a política ambiental dele é modificar tudo o que foi feito até agora e chamou criação de áreas protegidas de indústria.

“Nós não podemos ter uma política ambiental como tínhamos a pouco tempo da indústria da demarcação das terras indígenas, da indústria de quilombolas, da indústria de estações ecológicas” disse, antes de reclamar mais uma vez da existência da Estação Ecológica de Tamoios, local onde foi multado em 2012 por pescar ilegalmente.

‘Coloco o Sarneyzinho’

Antes de iniciar a parte do discurso sobre política ambiental, Bolsonaro falou das pressões que sofre na presidência e contou que conseguiu dissuadir dois ruralistas que foram pedir um cargo ameaçando trocar Ricardo Salles por Sarney Filho no comando do Ministério do Meio Ambiente. Sarney Filho, o Zequinha Sarney, foi ministro do Meio Ambiente no governo FHC e Temer e é considerado um ambientalista radical pelos ruralistas.

“Há pouco, o que é comum, foram lá alguns companheiros ruralistas ver se podiam colocar um ministro, o ministro deles para tal área. Eu falei ‘eu topo, mas em contrapartida, eu vou tirar o Ricardo Salles do Meio Ambiente e botar o Zequinha Sarney lá’. Acabou o tesão daqueles dois”, disse, arrancando risos da plateia.

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