“Esse governo é de vocês”, diz Bolsonaro a Ruralistas

Por Sabrina Rodrigues, em O Eco

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (04), em encontro com deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que o governo “é de vocês”. A frase foi dita durante um café da manhã realizado no Palácio do Planalto. 

“Ao longo de vinte e oito anos dentro da Câmara eu acompanhei e, mais do que isso, eu acredito que 100% votei com a bancada ruralista. E muitas vezes as questões nasciam ali como se fossem um parto de rinoceronte: era imprensa batendo em vocês, eram ONGS e eram também governos de outros países”, declarou Bolsonaro. Segundo Bolsonaro, o encontro em Osaka “confirmou” o que ele pensava sobre interferência de estrangeiros na política ambiental brasileira.

“Esses dois em especial [Macron e Merkel] achavam que estava tratando com governos anteriores que após reuniões como essa vinham para cá e demarcavam dezenas de áreas indígenas, demarcavam quilombolas, ampliavam áreas de proteção, ou seja, dificultavam cada vez mais o nosso progresso aqui no Brasil”, disse. 

Bolsonaro narrou que disse não para um encontro que o presidente da França, Emmanuel Macron, queria marcar entre os dois chefes de estado e o líder indígena Raoni Metuktire, da etnia kayapó, famoso por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas. O cacique Raoni também se destacou pela sua luta contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. 

“Dei-lhe um rotundo não! Não reconheço o Raoni como autoridade aqui no Brasil, ele é um cidadão como outro qualquer, que nós devemos respeito e consideração, mas estar a meu lado para tomar uma decisão pelo nosso Brasil, ele não é autoridade”, disse Bolsonaro aos ruralistas, que informou que convidou o presidente francês e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, para sobrevoar a Amazônia. “Se encontrasse num espaço entre Boa Vista e Manaus um quilômetro quadrado de desmatamento eu concordaria com eles”, disse. 

Bolsonaro chegou a dizer que sobrevoou duas vezes a Europa e não encontrou “um quilômetro quadrado de floresta naquela região”.

O objetivo é desfazer 

Bolsonaro reclamou que o país “foi deixando acontecer” a criação de reservas indígenas e de unidades de conservação e disse que hoje “nós temos que não fazer, primeiramente é desfazer o que foi feito para depois fazer”. 

Se auto elogiou por ter indicado a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, cuja indicação significou, na visão do presidente, “a maior demonstração” que ele pode dar de estar “do lado” dos ruralistas. “Tínhamos a ideia de fundir o Ministério da Agricultura com o Meio Ambiente, pois chegamos a conclusão que não era o caso, até conversando com muitos de vocês. E temos, hoje em dia, um ministro do Meio ambiente que está casado com vocês”, disse. 

“Imaginem, sem citar nomes aqui, mas vocês podem pensar os últimos ministros do Meio Ambiente, se tivéssemos lá um ministro como esse, o inferno que seria a vida, não só de vocês, mas de todos nós aqui no Brasil nessa questão. Então tivemos aqui também a oportunidade e o bom senso de escolher um ministro do Meio Ambiente que casa a questão ambiental  com o desenvolvimento. Todos nós ganhamos com isso”.

Na segunda parte do discurso, o presidente defendeu uma aposentadoria especial para policiais militares, rodoviários e federais e apelou para que os parlamentares votassem pela inclusão da categoria no relatório final da Reforma da Previdência. 

Entre os presentes no café da manhã, estavam o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno.

Foto: Jornal O Globo

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