#VazaJato: The Intercept faz balanço sobre a ação de outros órgãos jornalísticos comprovando conversas e denuncia possível tramoia

Tania Pacheco

The Intercept Brasil publicou ontem um extenso balanço de reportagens publicadas por jornais, revistas e sites, nacionais e internacionais, que dedicaram matérias investigativas ao #VazaJato. São matérias que partiram sempre de um objetivo primeiro: testar a veracidade do material.

Na maioria dos casos, o método utilizado foi buscar comprovações a partir do trabalho de seus próprios repórteres: trocas de mensagens com integrantes da Lava Jato, buscando informações para matérias. Em alguns, os jornalistas buscaram cotejar também os dados divulgados pelo TIB com acontecimentos paralelos ligados ao teor das conversas, de ações concretas da LJ a confirmações por parte de pessoas externas à ‘operação’, como o apresentador Fausto Silva e o diretor da Transparência Brasil. Finalmente (caso do Correio Braziliense e do El País), as conversas foram confirmadas por procuradores que participaram de um ou mais grupos presentes nos vazamentos.

O balanço, embora rico e necessário, tem também outra razão de ser. Assim que saíram as primeiras notícias de que Sérgio Moro iria pedir afastamento do Ministério da Justiça esta semana e viajar para os Estados Unidos (para novas instruções?), a grande pergunta passou a ser qual o motivo real para essa ausência estratégica. Impossível esquecer a provável investigação de Glenn Greenwald pelo Coaf, que o ex-juiz ‘esqueceu’ de desmentir no Congresso, mas tudo indicava a preparação de algum fato novo, a partir do qual Moro e seus discípulos buscariam desacreditar a investigação desencadeada pelo TIB. Na matéria agora publicada, Glenn e Leandro Damori denunciam:

“Apesar da abundância de provas da autenticidade do material, publicadas pelos diferentes veículos, diversas fontes disseram ao Intercept ao longo dos últimos dias que a Polícia Federal, durante o afastamento do ministro Sergio Moro, está considerando realizar essa semana uma operação que teria como alvo um suposto “hacker”, que hipoteticamente seria a fonte do arquivo. Esse suposto hacker seria estimulado a “confessar” ter enviado o material ao Intercept e o adulterado.”

E acrescentam:

“Essa tática equivocada fracassará. A razão é simples: as evidências provando a autenticidade do material são tão grandes, e oriundas de tantas fontes de credibilidade conhecida, que nenhuma “confissão” do tipo seria verossímil.”

Não por acaso, ontem a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) divulgou Nota Pública na qual afirma, entre outras coisas, que o “combate à corrupção deve ser com respeito ao devido processo legal e à liberdade de imprensa”. Assinada por quatro procuradores da República integrantes da cúpula da PFDC, a nota é contundente e também diz:

“Não se pode cogitar que o combate à corrupção, ou a qualquer outro crime grave, justifique a tolerância com a quebra desses princípios, a um só tempo de ordem constitucional e internacional. Os custos de uma argumentação em favor de resultados, apesar dos meios utilizados, são demasiado altos para o Estado Democrático de Direito”. (leia na íntegra AQUI)

É fundamental que unamos cada vez mais forças em defesa do trabalho que vem sendo realizado pelo Intercept. Trata-se, sim, de liberdade de imprensa. Mas trata-se, igualmente, de algo ainda maior: da defesa da democracia, da Justiça e do próprio direito à liberdade, em si.

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A matéria do TIB pode ser lida no link abaixo:

#VAZAJATO: AS PROVAS DE QUE OS CHATS SÃO AUTÊNTICOS AGORA VÊM DE DIVERSOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO – SÃO DEFINITIVAS E ESMAGADORAS

Ilustração: Rodrigo Bento/The Intercept Brasil

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