De meme a embaixador do Turismo: quem é o novo indicado de Bolsonaro + TRF3 condenou Rasmussen por dano à fauna

O apresentador Richard Rasmussen, que quer promover o ecoturismo no Brasil, foi alvo de denuncias de crimes de maus-tratos contra animais

Por Juliana Cipriani, no EM

O apresentador Richard Rasmussen, conhecido pelo famoso meme da Pororoca (veja vídeo abaixo), é o novo embaixador do Turismo Brasil. O nome foi anunciado na noite dessa sexta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que divulgou uma apresentação do mais recente quadro do seu governo no Twitter, “com muita honra”. 

No vídeo produzido, Richard, que é biólogo, diz que vai apresentar as opções de ecoturismo no país e destaca florestas tropicais e o Pantanal. Afirma ainda que sua missão é tirar o turista estrangeiro do “eixo vicioso” do turismo no Brasil. 

Em texto no Facebook, Rasmussen disse que lhe foi dada uma  oportunidade, como conhecedor da natureza no Brasil, e adiantou que cedeu, sem cobrar, imagens captadas em 17 anos. Ainda segundo ele, isso foi feito “sem qualquer remuneração pela nomeação”.

Raimund diz ser poliglota e capaz de representar dignamente o país. “Nenhum outro governo pensou na minha pessoa. Nenhum outro governo aproveitou-se do meu conhecimento”, afirmou.

Acusações

O biólogo e também economista apresentou programas na TV, nos quais fazia explorações em ambientes selvagens e exibia animais exóticos, mas também acabou virando notícia por conta de denúncias de maus-tratos aos bichos. 

Ele foi acusado por pescadores de pagar para que matassem um boto rosa  em frente às câmeras para poder exibir as imagens depois.

Em maio de 2017, o Portal Uol informou que ele acumulava oito autuações no Ibama e era visto pelo órgão como um criminoso ambiental.  Ele nega as acusações.

Correndo da Pororoca

O novo embaixador ganhou ainda mais fama com um vídeo em que aparece enfrentando o fenômeno da Pororoca no Amapá. Depois de apresentar com orgulho a atração em maio de 2016, ele saiu correndo e acabou virando meme.

O anúncio do novo embaixador, que se apresenta nas redes sociais como “conservadorista e aventureiro”, repercutiu na internet e foi assunto no Twitter. 

Enquanto alguns relembraram os memes e as acusações contra eles, outros avalizaram a escolha de Bolsonaro. 

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Leia também notícia da condenação de Rasmussen pelo TRF3, em 2015:

Dono de criadouro terá que pagar indenização de R$ 393 mil por dano à fauna

Justiça nega recurso de responsável pela Toca da Tartaruga e mantém sentença que, além de indenização, obriga o réu a custear alimentação de onças e construir abrigos

Responsável pelo Criadouro Conservacionista Toca da Tartaruga, localizado em São Paulo, Richard Rasmussen teve recurso negado e a condenação por dano ambiental confirmada pela 3ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF3). Ele havia sido condenado, em primeira instância, ao pagamento de R$ 393 mil, acrescidos de juros moratórios de 0,5% ao mês, numa ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A sentença, mantida pela 3ª Turma do TRF3, seguindo a manifestação favorável da Procuradoria Regional República da 3ª Região (PRR3), determina ainda que Rasmussen pague alimentação e construa abrigo para duas onças pardas, que foram apreendidas no criadouro e entregues a entidades de proteção dos animais. 

O réu foi autuado pelo Ibama diversas vezes por irregularidades no criadouro, entre elas animais sem comprovação de origem e sem sistema de marcação visível, cães circulando em recintos destinados a aves e saguis, além de vários animais mortos na sala de atendimento veterinário. “Há vasta documentação apta a demonstrar que o réu incorreu em diversas irregularidades, causando danos à fauna”, afirmou, em parecer, a procuradora regional da República, Marcela Moraes Peixoto.

A procuradora chamou atenção para a Lei da Fauna (n° 5.197/67) e outros dispositivos legais que tratam da criação, das regras e das exigências em relação aos criadouros conservacionistas que não foram cumpridas por Rasmussen. 

Em vistorias e fiscalizações, o Ibama constatou que ao apresentar o projeto de criação do criadouro, em setembro de 1999, o responsável já possuía plantel de aves e répteis sem origem conhecida, além de fauna exótica sem a devida autorização. O próprio réu reconheceu irregularidades como o ingresso de 223 animais sem origem conhecida; evasão de 96 aves, pelo excesso de chuvas; 285 animais depositados pelos órgãos de fiscalização; 485 espécimes (ou seja, 95% do plantel) sem marcação. 

De acordo com a procuradora, ficaram plenamente comprovados os danos à fauna, ”consistentes especialmente no elevado número de mortes de animais pelas más condições do criadouro; nos maus tratos aos animais; na receptação de animais apanhados na natureza, sem origem lícita; na introdução irregular de animais exóticos; na fuga de animais já acostumados à vida em cativeiro, sem o necessário acompanhamento de sua reinserção na natureza; e nos indícios de ainda maior número de mortes, fugas ou venda dos animais”.  

Rasmussen foi condenado ainda à multa de R$ 2 mil por dia de descumprimento da decisão e a destinação do valor da indenização à Associação Muck de Proteção aos Primatas e à Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos. O Ibama havia recorrido da sentença apenas em relação à determinação das entidades às quais foram destinadas a indenização, argumentando que a escolha deveria ser feita apenas na fase de execução da sentença, porém a 3ª Turma do TRF3 também negou provimento a esse recurso. 

Processo N° 2005.61.00.017298-3
Parecer.
Acórdão.

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Foto: Guarulhos WEB

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