“É o tempo mais difícil para nossos direitos e acesso a nossas terras”, afirma indígena na ONU

“O governo Brasileiro deve ser responsabilizado por toda violência praticada com os povos indígenas”, pontuou indígena ao rebater fala irreal de representante do Brasil na ONU.

por Guilherme Cavalli, em Cimi

Saturnina Urupe Chue, indígena do povo Chiquitano, deixou seu território tradicional no extremo oeste do Mato Grosso, Brasil, e desembarcou na 42ª Sessão da Comissão de Direitos Humanos da Nações Unidas, em Genebra, Suíça. A liderança firma a análise: “Hoje somos ameaçados abertamente pelo presidente da República [do Brasil]”. Saturnina levou às esferas internacionais o discurso de ódio do representante máximo da República do Brasil. Jair Bolsonaro, “coloca em risco nossas vidas e a vida do nosso planeta”, afirma ao fazer referência aos constantes ataques verbais do presidente.

Com um discurso descolado da realidade, Governo brasileiro apresenta na ONU um contexto “de cuidado aos direitos indígenas”. Na manhã de hoje, afirmou cumprir a Constituição Federal no que tange os direitos tradicionais. Contudo, o que denunciou na tarde de hoje (18) Saturnina Chiquitano indica um Brasil que regride na política indigenista. “O governo Brasileiro deve ser responsabilizado por toda violência praticada com os povos indígenas”, pontua.

A indígena de 30 anos iniciou sua caminhada aos 16 ao acompanhar seu pai, na época cacique do povo. Hoje ocupa o espaço de fala na ONU dedicado aos povos indígenas para ajudar a visibilizar os tristes sintomas que assolam o Brasil: “É o tempo mais difícil para os direitos indígenas e para o acesso as nossas terras”, lamenta em pronunciamento na sessão de Diálogos Interativos.

A violência orquestrada contra os povos indígenas afeta há décadas os Ciquitanos, que tem sua identidade historicamente negada. Com um discurso anti demarcação, Governo federal atua para intensificar as violações de direitos humanos perpretados a séculos. Com território sem nenhum procedimento para demarcação, Saturnina exemplifica o que ocorre com aproximadamente 400 outras terras indígenas no pais que estão sem nenhum procedimento para reconhecimento.

“Meu povo tem sido atacado e violentado gravemente. O governo do Brasil insiste em não reconhecer nossos Direitos Constitucionais sobre nossas terras”, pontua. “Muitos Chiquitanos já estão deslocados do território. São obrigados a viver fora, nas cidades não indígenas e abaixo de extrema vulnerabilidade”, expressou como consequência da não demarcação.

No fim do pronunciamento, Saturnina reafirmou histórica resistência dos povos: “Que todos saibam, vamos defender nossos direitos, nossas terras até o último indígena. A mãe terra merece cada gota de sangue derramado por vida de todos os seus filhos”.

Foto: Guilherme Cavalli/Cimi

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