Em ligação feita na véspera de Natal, Assange diz que está morrendo lentamente na prisão

Por Matt Novak. no Gizmodo

Julian Assange está falando enrolado e preocupado com a possibilidade de morrer na prisão, de acordo com informações do jornalista britânico e ex-oficial do Exército Vaughan Smith. Smith conversou com a rede de TV estatal russa RT na terça-feira (31) e revelou que Assange ligou para ele da prisão britânica de Belmarsh na véspera de Natal.

“Ele me disse: ‘Estou morrendo lentamente aqui’”, disse Smith à RT. Ele acrescentou que Assange teve autorização para fazer apenas uma ligação no Natal.

“Sua fala estava arrastada. Ele estava falando devagar. Julian é altamente articulado, uma pessoa muito clara quando fala. E ele parecia horrível, e foi muito perturbador ouvi-lo”, contou Smith à RT.

“Ele não disse que estava sedado. Parecia bastante óbvio que ele estava. Várias outras pessoas que o visitaram perceberam isso, e ouviram dele que ele tinha sido sedado. ”

A saúde de Julian Assange está se deteriorando na prisão britânica desde que ele foi arrastado para fora da embaixada equatoriana em Londres em abril de 2019, depois de passar quase sete anos buscando asilo.

O co-fundador do WikiLeaks foi condenado a 50 semanas de prisão por não se apresentar à Justiça depois de pagar fiança em 2012, e novas informações de seus advogados indicam que Assange está enfrentando dificuldades tanto física quanto psicologicamente.

Vaughan também afirma que Assange está “claramente” sendo mantido em confinamento solitário por 23 horas por dia, algo que não foi corroborado de forma independente e aparentemente foi contradito, pelo menos no passado, por um vídeo da câmera escondida da prisão que veio à tona em junho de 2019. O confinamento solitário prolongado é considerado tortura sob o direito internacional, embora alguns países, como os EUA, ainda o pratiquem.

Smith levou Assange para passar o Natal com a família dele em 2010. Segundo o jornalista, isso pode ter motivado a ligação de Assange no Natal de 2019.

“Eu acho que ele simplesmente queria alguns minutos de distração e conversar conosco por causa das lembranças que ele tinha disso — lembranças felizes”, disse Smith.

Mais de 100 médicos pediram que Assange fosse libertado da prisão, embora seja improvável que ele seja libertado tão cedo.

Assange está lutando contra a extradição para os Estados Unidos, onde foi acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA por conspiração para invadir um computador do governo, além de 18 processos diferentes sob a Lei de Espionagem.

O governo Trump está trabalhando para extraditá-lo, apesar de muitas pessoas acreditarem que o WikiLeaks foi fundamental para a eleição de Trump em 2016. O WikiLeaks, através de sua conta no Twitter, até pediu a Donald Trump Jr. para pressionar seu pai e fazer Assange ser nomeado como embaixador. O presidente Trump, por sua vez, está se fazendo de desentendido e até afirmou que não sabe nada sobre o WikiLeaks.

Smith diz que o tratamento dado a Assange é para que ele sirva de exemplo a outros que questionam o governo dos EUA.

“Está claro que o que está acontecendo com Julian é muito mais sobre vingança e servir de exemplo para dissuadir outras pessoas de confrontar e denunciar o poder americano dessa maneira”, disse Smith.

Manifestantes seguram cartazes pedindo pela libertação de Julian Assange, fundador do Wikileaks, do lado de fora da Corte de Magistrados de Westminster, em Londres, no dia 21 de outubro de 2019. Foto: Getty

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Costa.

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