OIT: cresce número de jovens no mundo que não trabalham nem estudam

Na ONU Brasil 

O número de jovens que não trabalham, não estudam ou recebem treinamento está aumentando no mundo, e as mulheres enfrentam mais que o dobro de chances de serem afetadas por essa situação, segundo novo relatório divulgado nesta segunda-feira (9) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Jovens (entre 15 e 24 anos) que estão empregados e empregadas também enfrentam um risco maior do que as trabalhadoras e os trabalhadores mais velhos de perder o emprego por causa da automação. Aqueles com treinamento profissional são particularmente vulneráveis, destaca o relatório.

“Isso reflete como as qualificações adquiridas por meio de treinamento profissional voltado para obtenção de um emprego específico tendem a se tornar obsoletas mais rapidamente do que as adquiridas em programas de educação geral”, afirmou o relatório, lembrando a necessidade de os programas de treinamento profissional serem revisados e modernizados para que atendam às novas demandas da economia digital.

A mais recente edição do relatório intitulado em inglês “Global Employment Trends for Youth 2020: Technology and future of Jobs (GET Youth 2020)” mostrou que, desde sua edição anterior, de 2017, houve uma tendência de alta em relação ao número de jovens que não estudam nem trabalham.

Em 2016, havia 259 milhões de jovens nessa situação, número que, em 2019, foi estimado em 267 milhões. A expectativa é de que esse número continue aumentando até atingir 273 milhões em 2021.

Em termos percentuais, a tendência também é de aumento, passando de 21,7% em 2015 para 22,4% em 2020. Segundo a OIT, a trajetória indica que a meta estabelecida pela comunidade internacional de reduzir substancialmente a taxa de jovens que não estudam ou trabalham até 2020 não será alcançada.

Em todo mundo, existem 1,3 bilhão de jovens, dos quais 267 milhões não trabalham nem estudam. Dois terços, ou seja, 181 milhões, são mulheres.

“Muitos jovens em todo o mundo estão desconectados da educação e do mercado de trabalho, o que pode prejudicar suas perspectivas a longo prazo, além de prejudicar o desenvolvimento socioeconômico de seu país”, disse Sangheon Lee, diretor do Departamento de Políticas de Emprego da OIT.

“O desafio será equilibrar a abordagem flexível necessária para alcançar esses e essas jovens com fortes políticas e ações necessárias para mudar a situação. Uma solução única para todos não funcionará.”

O relatório GET Youth 2020 mostra que aquelas e aqueles jovens que concluem o ensino superior têm menos probabilidade de serem substituídos pela automação no trabalho.

No entanto, enfrentam outros problemas, uma vez que o rápido aumento do número de jovens com diploma no mercado de trabalho superou a demanda por mão de obra com formação superior, e, consequentemente, resultou em uma redução salarial para esse tipo de emprego.

“Não estão sendo criados empregos suficientes para esses jovens, o que significa que o potencial de milhões de pessoas não está sendo aproveitado adequadamente”, disse Sukti Dasgupta, Diretora da Divisão de Políticas de Emprego e Mercado de Trabalho do Departamento de Políticas de Emprego da OIT.

“Não podemos desperdiçar esse talento ou esse investimento em aprendizado, se quisermos enfrentar os desafios impostos pela tecnologia, pela mudança do clima, pela desigualdade e pela demografia. Precisamos de estruturas de políticas integradas e de sistemas de treinamento responsivos, projetados com base no diálogo entre governos, trabalhadores e empregadores.”

Clique aqui para acessar o relatório completo (em inglês).

Imagem: Jovens (entre 15 e 24 anos) que estão empregados também enfrentam um risco maior de perder o emprego por causa da automação. Foto: iStock.com/skynesher

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